COMO SE ESTRESSAR

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Eleanor estava na cozinha esperando seu lanche quando a porta se abriu bruscamente. Ela ergueu a cabeça, surpresa ao ver um homem alto com cabelos castanhos rebeldes e um sorriso travesso no rosto. Ele parecia estar fugindo de algo, mas o que mais chamou sua atenção foi a embalagem do aplicativo de entrega de comida em suas mãos - claramente, o lanche que ela havia pedido.

Colocando a mão na cintura, Eleanor adotou seu melhor olhar ameaçador. Quem aquele sujeito achava que era para pegar seu lanche assim? Ele, no entanto, parecia totalmente imune ao olhar fatal que ela lançava, continuando com um sorriso despreocupado.

- Oi, gatinha, acho que isso é seu - disse ele, estendendo a embalagem.

Eleanor odiava ser chamada de "gatinha", especialmente por alguém que não conhecia. Ela pegou a embalagem de suas mãos com um puxão brusco, tentando igualar sua altura à dele, mas sem sucesso. Com um tom firme, retrucou:

- Quem você pensa que é para pegar meu lanche e falar comigo dessa forma? Não te dei essa liberdade.

O rapaz, ainda com aquele sorriso relaxado, colocou dramaticamente a mão no peito, fingindo choque.

- Você não sabe quem eu sou? Só pode estar brincando.

Eleanor, apesar de achar o rosto dele vagamente familiar, não conseguia se lembrar de onde o conhecia. Ele parecia estar acostumado a ser o centro das atenções, algo que ela achava irritante.

- E por que eu deveria saber? - respondeu ela, cruzando os braços.

Ele a encarou por um momento, ainda parecendo intrigado, antes de finalmente estender a mão.

- Eu sou o Caaa... Carlos! Isso, Carlos.

Eleanor ficou impaciente.

- E daí? Não me interessa quem você é. O que eu quero saber é por que você estava com meu lanche e trancou a porta.

Carlos riu suavemente, percebendo a irritação dela.

- Eu estava tentando ser gentil. O entregador estava vindo para cá, então achei que poderia ajudar. Quanto à porta, bem... eu não percebi que tinha companhia. Normalmente, os funcionários comem na cantina, não aqui na cozinha.

Eleanor corou levemente, envergonhada por não ter percebido a existência de uma cantina no prédio. Mas ela não estava totalmente convencida.

- E por que trancou a porta, então? Se achou que não havia ninguém aqui, o que pretendia fazer com meu lanche?

Carlos deu de ombros, seu sorriso se ampliando.

- Achei que era meu pedido. Quando vi seu nome na embalagem... bem, Elenor Yon?

Eleanor quase riu, apesar de estar irritada.

- É Eleanor Yoon - corrigiu, pronunciando seu nome com precisão. - Não é tão difícil assim.

Ela se sentou em uma das cadeiras, abrindo a embalagem e pegando os hashis para comer. Estava feliz que seu tteokbokki havia chegado exatamente como ela gostava. Carlos, no entanto, não pareceu desencorajado pela correção.

- Então, o que é isso que você pediu de tão especial? - Ele pegou o papel que veio junto com a embalagem e leu os itens listados, sua expressão mudando de curiosidade para confusão. - Tteokbokki? Sundae? O que é isso? Sundae não é sorvete?

Eleanor riu, pegando um pedaço de tteokbokki.

- Tteokbokki é um prato coreano de bolinhos de arroz apimentados. E sundae não é sorvete, é uma linguiça coreana feita com intestinos de porco ou vaca recheados com cevada, macarrão, cebolinha e sangue.

Carlos fez uma careta exagerada, recuando como se o prato fosse algo venenoso.

- Eca! Eu tô fora. Isso soa horrível.

Eleanor sorriu, achando graça na reação exagerada dele.

- Não é horrível. Na verdade, é meu lanche preferido. Toma, prova um pouco - disse ela, estendendo a tigela de tteokbokki na direção dele.

Carlos hesitou, mas pegou um par de hashis reserva que estava sobre a mesa. Ele pegou um pedaço com evidente relutância e o levou à boca. Mastigou devagar, tentando não fazer uma careta maior do que já estava.

- E então, o que achou? - Eleanor perguntou, observando-o com expectativa.

Carlos suspirou dramaticamente.

- Eleanor Yoon, eu não sei como você consegue comer essas coisas. Isso é... um gosto adquirido, eu diria.

Eleanor gargalhou. Ela não esperava que ele gostasse, mas a reação dele foi tão dramática que ela não pôde evitar rir. Carlos parecia ser o tipo de pessoa que traria uma boa dose de humor ao escritório. Apesar de suas excentricidades, ela já estava começando a vê-lo como um colega com quem poderia se dar bem.

Enquanto eles continuavam conversando, Eleanor começou a se sentir mais à vontade. Percebeu que, apesar da estranheza inicial, talvez esse novo ambiente de trabalho pudesse ser mais interessante do que ela imaginava. Se Carlos continuasse por perto, seu trabalho como secretária do Sr. Eduardo Moon certamente não seria monótono.

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