Capítulo 3 - Flores

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Depois de voarem por algum tempo, Sizhui sentiu o conteúdo da bolsa se agitar. Eles aterrissaram num desfiladeiro e o Lan tocou a melodia suave, mas implacável do guqin.

Quando o conteúdo dentro da bolsa de tecido pareceu se acalmar eles retomaram a viagem.

A dupla precisou repetir esse intento diversas vezes. Ora descendo as margens de um rio, ora parando em uma clareira qualquer, e assim por diante. Foi em uma dessas clareiras que eles desceram agora, depois de tocar sua música Sizhui se recostou em uma árvore buscando um pouco de descanso. Jin Ling se recostou ao lado dele.

Ele observou o jovem Lan que olhava o céu, suas vestes brancas refletindo a luz da lua. Sizhui havia lutado, tocado, e voado em sua espada por horas, mas ele ainda parecia tão bonito e impecável como todo Lan. Bonito, etéreo, calmante... viciante.

Ele se lembrou do beijo que havia acontecido e seu coração se agitou, aquilo fora uma estupidez, era óbvio que Sizhui o havia beijado porque ele próprio estava sendo um idiota, agindo como uma criança mimada, uma jovem dama temperamental como JingYi gostava de dizer. Sizhui sabia que ele não ouviria suas palavras e Sizhui sempre sabia como agir em qualquer situação.

Sizhui... brilhante como sempre, perfeito. Não era inveja que Jin Ling sentia, era admiração. Era mesmo somente admiração?

Jin Ling afastou os questionamentos, decidindo tomar outro assunto por atenção.

— Como você sabia que era uma possessão e não um fantasma? — ele perguntou.

— Porque eu vi o verdadeiro fantasma de A-Mei, então eles não podiam ser a mesma pessoa.

— E como você podia ter tanta certeza que era o fantasma de A-Mei e não outro qualquer?

— Ontem na casa dos Huang eu vi uma pintura de A-Mei na parede... e quando a vi na floresta eu a reconheci. O mesmo robe branco bordado com delicadas flores amarelas que ela usava na pintura, ela realmente era muito bonita. Aliás, nós já a encontramos antes, na casa de chá.

— A menina que você deu o doce? — Jin Ling perguntou surpreso e Sizhui assentiu. — Mas naquele dia o rosto dela... estava horripilante.

— Bom, é assim que se brinca no festival. — Sizhui sorriu. — Também foi ela quem me disse como deter o espelho.

— Por que ela resolveu te ajudar?

— Eu não sei. Qual o seu palpite?

— Talvez porque você foi gentil com ela lhe dando o doce. — disse Jin Ling. — ou talvez ela tenha se apaixonado por você.

— O que? Como isso poderia estar certo? — Sizhui riu daquela sugestão.

— E por que não? Sempre tão habilidoso, aparência impecável, gentil, educado, agradável... perfeito. Qualquer um se apaixonaria.

— Qualquer um? Até o futuro líder da seita Jin? — Sizhui deixou escapar com diversão.

— Não fale bobagens — Jin Ling fez um bico e virou o rosto, tentando esconder o rubor que subia insistente por suas bochechas. Depois de se recompor ele perguntou. — Você acha que a doença de A-Mei era causada pelo espelho demoníaco? Que era ele quem roubava os movimentos dela?

— Talvez — Sizhui suspirou pesadamente enquanto olhava novamente para o céu — Pelo menos ela está livre agora. Vamos! Ainda temos um bom pedaço até Lanling.

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Já era tarde da noite quando chegaram a Torre de Carpa. Sizhui acompanhou Jin Ling até a sala de tesouros, onde o espelho deveria ser guardado.

Nuvens, Dores e FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora