Blackout

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Quando ambos finalizaram o jantar Steve retirou os pratos e colocou na pia. Enquanto, Max olhava a janela, o temporal parecia ter aumentado.

- Quer olhar TV? - Steve pergunta, vendo a ruiva se aproximar

Ela dá de ombros, indo até o sofá. O mais velho começa a passar por canais aleatórios, quando um estrondo corta o silêncio.

- O que foi isso? - Max pergunta indo em direção a janela

- Não deve ser nada. É melhor se afastar da janela. - Disse olhando atrás dela

Um trovão é ouvido, fazendo ambos darem um passo para trás.

- Talvez, você esteja certo. Vamos nos afastar da janela.

- Que tal arrumarmos uma cama para você? Já que você vai ter que dormir aqui hoje. - Steve diz quebrando o silêncio

Eles se direcionam a escada, quando outro trovão ecoa, seguido por uma queda de energia.

- Não fique com medo. Eu vou te proteger. - Steve diz um tanto assustado

- Eu não estou com medo. - A ruiva retruca - Você tem lanterna ou sei lá, uma vela?

- Acho que tenho na cozinha. - O mais velho exclama

Eles se direcionam para a cozinha, quando outro trovão é escutado, de repente o telefone toca.

Fazendo Max se aproximar de Steve.

- Não é que eu esteja com medo. É só precaução. - Diz segurando no braço dele para irem até a cozinha

- Eu devo ter alguma vela, por aqui. - Diz Steve procurando nos armários e gavetas, enquanto a ruiva esperava sentada na cadeira

- Bem, eu não faço ideia de onde está as velas.

- Então, o que fazemos?

- Podemos ficar na sala. - O mais velho suspira - Ou tentar subir as escadas. Mas, levando em conta sua altura, a queda vai ser grande.

- Como você é engraçado.

Eles caminham até a sala, sentando no sofá. Max suspirou, colocando aos mãos dentro do bolso do moletom que Steve havia lhe emprestado.

- Não seria bom ligar para os seus pais? Para avisar que eu vou ter que ficar aqui até passar a chuva.- A ruiva pergunta

- Eles não vão se importar de qualquer forma. - Steve suspira, atirando sua cabeça levemente para trás - Meus pais não ficam muito tempo em casa, quando eu era mais novo, só os via raramente, por isso, que eu tinha um comportamento duvidoso. Eles nunca foram muito afetivos ou carinhosos, sempre mostraram mais interesse no trabalho do que no próprio filho. - Ele sorri triste, não havia porque encher a cabeça de Max com seus problemas familiares.

- De qualquer jeito, você não precisa ficar ouvindo meus problemas. - Ele suspira - Seria bom ligar para os seus pais. Eles devem estar preocupados.

A ruiva revira os olhos, soltando um suspiro.

- Depois que o Billy morreu.. - Sua voz saiu falhada, como se estivesse prestes a desabar em lágrimas - Meu padrasto recebeu uma promoção, como se fosse uma recompensa por perder o filho. - A garota deixa as lágrimas caírem - Como a morte de alguém pode ser vista como um prêmio? - Max fecha os olhos, mordendo os lábios tentando comprimir seu choro.

Steve diante da situação, passa seu braço por cima dos ombros da ruiva, deixando a encostar sua cabeça em seu ombro.

- Você não sabe como ele se sente. Talvez, você deve conversar.

- Eu já tentei, mas sempre as pessoas mentem, dizem que estão tristes pelo Billy e que ele era uma ótima pessoa. - A ruiva respira, secando algumas lágrimas - Mas, eu sei que o Billy não era uma ótima, não era um exemplo de pessoa. Eu não quero que as pessoas mintam para mim.

Steve suspira, talvez os problemas dela fossem maiores que os dele.

- Eu não acho que o Billy tenha sido uma ótima pessoa, nós tínhamos constantes desavenças. Você se lembra de quando eu levei uma surra dele? - O garoto pergunta calmamente, Max concorda com a cabeça - Eu achei que
ia morrer naquele dia.

O garoto suspira, buscando as palavras certas, ele nunca foi muito bom em dar conselhos ou consolar alguém.

- Mas, no verão de 84. Billy foi um herói,  ele se sacrificou para salvar todos nós. Eu sei que isso, não apaga o que ele fez, mas é o suficiente pra mim.

A ruiva abraça Steve em um ato impulsivo, ele fica perplexo por alguns segundo até passar os braços pela cintura da garota.

- Obrigada. - Ela agradece

- Por que?

- Por ser sincero comigo. As pessoas não costumam ser assim.

- Você pode contar comigo para o que precisar. Estarei sempre à disposição.

A ruiva sorri com os olhos fechados, tentando normalizar seus batimentos cardíacos.

- Você já ouviu meus problemas. Eu deveria escutar os seus. - Max diz simples, se aconchegando nos braços de Steve.

- Você não precisa fazer isso.

- Eu sei. - Ela faz uma pausa - Mas, eu quero.

O garoto suspira, era um tanto difícil falar sobre isso, ainda mais depois de ouvir os problemas da ruiva, os seus problemas pareciam piada.

- Meus pais nunca me deram atenção, nunca estavam presentes, não iam a festas de escola . Eu tentava chamar a atenção deles, indo a festas, bebendo, cheguei até a usar drogas, o que me arrependo diariamente. Então, eles voltavam para casa, pagavam para limpar a minha barra, e depois iam embora. - Steve suspira - Às vezes, tudo que eu queria era apenas uma palavra de incentivo ou até mesmo um sermão. Mas, eu ficava sempre sozinho.

- Eu sinto muito. - Max sussura

- A culpa não é sua. - O mais velho suspira, continuando sua divagação - Na escola, eu era o típico playboy, as garotas eram todas apaixonadas por mim e não havia nada de diferente até me apaixonar por Nancy Wheeler. - Ele faz uma pausa para ver se Max ainda estava acordada - Foi meu primeiro amor, eu faria qualquer coisa se ela pedisse. Mas, não fui bom o suficiente e fui trocado pelo Jonathan. O que é irônico, já que eles eram apenas amigos. - O garoto diz com um tom irônico na sua voz

- Talvez, não fosse para ser, mas você ainda tem tempo para se apaixonar de novo. -  A ruiva suspira - Eu não tenho muito o que dizer. Já que meu único relacionamento acabou alguns minutos antes de eu ser quase atropelada. - Ela diz com um falso humor na voz

- Você e o Lucas terminaram? De novo?

- Dessa vez, é definitivo. Lucas é muito imaturo.

- Normalmente, garotos da sua idade são assim. Vai demorar um pouco, mas depois melhora.

- Se você diz.

Eles passaram a noite conversando sobre assuntos aleatórios, até pegarem no sono.

𝑮𝑼𝒀𝑺 𝒎𝒚 𝓪𝓰𝓮Onde histórias criam vida. Descubra agora