Tres

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Vejo as crianças brincando juntas e levo a mão a barriga, 4 filhos, eu mal posso acreditar, como eu passei de alguém sozinha no mundo pra uma pessoa com 4 filhos, meu telefone toca, é o Alex
- Alô, espera ai - eu viro pras crianças - A mamãe tá na cozinha, já volta, comportem- se
Vou pra cozinha e sento em um dos banquinhos
- Como foi?
Ele pergunta
- Fiz um ultrassom, 10 semanas, tá tudo bem, tranquilo, como dever ser
- Ótimo, mas sua voz tá triste, qual o problema?
- Eu tenho uma voz triste?
- Tem, conta
- Carina não será minha médica
- Por que?
- Ela não quer
- Não quer? O que ela disse?
- Que não pode fazer isso porquê se envolveria
- Como assim, ela é tia do bebê, claro que ela se envolveria
- Sei lá, Alex, o jeito que ela falou pareceu que ela não vai fazer parte da vida do bebê
- Muito estranho, o que o Deluca disse de tudo isso?
- Ele conversou com ela antes e me disse que não era nada, mas ele tá muito triste, visivelmente
- Como assim? Ele não queria? Ele tem que entender...
- Não, não é por isso, ele ficou muito feliz pelo bebê, um sonho realizado, segundo ele
- Então o que aconteceu?
- Eu
- Você fez o que?
- Eu o afastei de novo, eu disse pra ele que não existe um nós
- Por que você fez isso?
- Não deve ser um bebê que segura um relacionamento
- Eu sei, Mer
- Não adianta, Alex, nós estamos sentimentalmente há anos-luz de distância e não vai ser uma criança que vai mudar isso, Andrew e eu não seremos um casal, apenas pais, só isso
- Se tem certeza
- É, eu tenho certeza
- Eu sinto muito por vocês
- Eu vou ficar bem, tchau Alex
- Tchau, Mer
Quando eu viro pra voltar pra sala, Andrew tá encostado na parede, eu fico imóvel, quanto disso ele ouviu?
- Vocês estão bem?
Ele tenta sorrir mas não adianta muito
- Uhum
Eu mal respondo
- Eu só vim... rapidinho, não posso demorar
A voz dele tá embargada e parte meu coração, ele ouviu o que eu disse
- Tá bem
Ele vira pra sala e respira fundo antes de ir falar com as crianças, que droga, eu respiro fundo algumas vezes antes de ir, vejo ele se despedindo das crianças enquanto eles insistem pra que ele fique, quando ele finalmente consegue ir, a Zola o acompanha na porta, eu fico perto o suficiente pra ouvir o que eles dizem
- Tio, por que você tá tão triste?
- To não, Zozo
- Tá sim, vai ficar tudo bem, tá? Você quer dar um abraço na mamãe? Ela faz tudo ficar melhor
- Eu sei que ela faz, mas que tal você me dar um abraço
- Claro
Eles se abraçam e ele me vê mas desvia o olhar
- Tchau, Zozo, boa noite
- Boa noite, tio
Ela volta correndo lá pra dentro e ele sai, eu vou atrás
- Andrew
Eu passo e fecho a porta atrás de mim, eu percebo ele respirar fundo antes de virar
- Oi
- Eu sinto muito, eu nem sei o que dizer, eu só acho que essa tristeza toda é culpa minha
- Ei, não
Ele se aproxima de mim
- Ta tudo bem, eu juro
- Então me diz o que foi que te deixou assim
Ele dá um sorriso sem graça, beija minha testa
- Tá tudo bem, Mer
Eu o abraço antes que ele se afaste, eu sinto tanta falta dele, droga
- Não tá, não, por que você não me conta?
Ele me abraça apertado
- Por que não importa, tá bem?
- Eu não gosto disso, de não saber
- Mas foi você que disse que eu estou triste, eu não disse nada
- Para, até a Zola percebeu
Eu me afasto, seguro o rosto dele
- Eu não gosto de ver você assim
Então temos mais um daqueles momentos em que nos conectamos, como um casal, eu dou um passo e o beijo, ele coloca a mão no meu pescoço, como eu senti falta disso, seguro a camisa dele e ele me puxa pela cintura, meus hormônios fervem na gravidez, tudo que eu queria agora era que ele me levasse lá pra cima e... eu afasto os pensamentos e me afasto dele
- Eu preciso parar com isso, desculpa
Ele levanta meu queixo de leve
- Sempre que você quiser
Ele me dá um beijo e vai embora, eu encosto na porta e sinto meu corpo pegar fogo.

A nossa vida... uma nova vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora