Doze

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O parto

- Ainda não tá na hora, Carina
- Eu sei, mas ele discorda
- Dá pra fazer alguma coisa?
O Andrew pergunta, muito agitado
- Não, ele realmente vai nascer
- Mas eu não to sentindo tanta dor assim, nem a bolsa rompeu  ainda...
Eu nem termino de falar e sinto algo molhar minhas pernas
- Isso é...
Eu nem termino de falar e a Carina confirma
- Exatamente
- O que? Isso é o que?
O Andrew pergunta agitado e antes que eu responda vem uma contração agora mais forte e eu aperto a mão dele e fecho os olhos
- A bolsa estourou
A Carina diz e eu vou me acalmando de acordo com a dor que vai passando
- Eu vou te levar pra um quarto e vocês vão monitorar as contrações, há quanto tempo você tá sentido dores, Meredith?
- Desde ontem de manhã
- O que?
O Andrew me pergunta
- Eu achei que não era nada
- E ontem não era nada mesmo, tudo bem, você está com 4cm de dilatação, isso pode ir rápido ou ter um bom tempo ainda, só mantenham a calma, tá? Você está bem e o bebê também
- Ok
Eu respondo e ela sai, eu fecho os olhos e o Andrew beija minha cabeça
- Ele vai nascer
Ele diz baixinho
- Ele vai nascer
Eu repito e nós ficamos em silêncio até a Carina voltar

Estamos no quarto, há uns 20 minutos e o Andrew anda de um lado pro outro
- Você quer fazer o favor de se acalmar?
- Eu to calmo
- Ah tá, claro que tá
- Tem que ir em casa pegar suas coisas e a as do bebê
- Qualquer pessoa pode fazer isso
- Tem que ver quem vai dormir com as crianças hoje
- Isso também é fácil de resolver
- Precisa desmarcar as cirurgias, avisar pra chefe Bailey
- Tudo resolvido com uma ligação
- Como é que você tá tão calma, hein?
- E por que você tá tão nervoso?
- Porque o nosso filho vai nascer
- E a gente não tava esperando exatamente por isso?
Eu digo segurando a risada
- Meredith
- Tá, vem cá, vai
Ele se aproxima e senta na cama, eu coloco meus braços em volta do pescoço dele
- Você precisa se acalmar
- Eu sei, eu só to deixando você nervosa
Eu dou um beijo leve nele
- Não, não é por isso
- Não?
- Quando as contrações vierem mais regulares, você precisa estar calmo por nós dois
Ele respira fundo
- Tá bom
- Fácil assim? Duvido
Ele ri
- Tem uma coisa que me acalma bastante
Ele se aproxima mais e me beija, eu seguro o cabelo dele e aprofundo o beijo, a porta abre
- Excelente, se vocês quiserem a masturbaçao pode ajudar
- Para!
O Andrew diz e eu dou risada
- Quanto tempo entre as contrações?
- 30 minutos
- Ok, qualquer coisa me chamem e se quiserem alguma dica pra...
- Carina, tchau
O Andrew diz e eu dou risada
- Eu só ia falar que o estímulo sexual...
- Vai
- Tá, to indo
Ela sai rindo
- Ela faz isso de propósito
Eu dou risada
- Não sei porquê você se incomoda, ela sabe como esse bebe foi feito
- Mas falar sobre estímulo sexual com a minha irmã e a minha namorada, é um pouco demais, principalmente com os 3 no mesmo local
Ele tá mesmo sem graça e eu dou risada
- Vem cá, então, que eu quero mais beijos

Duas horas depois as coisas estão bem diferentes, eu estou tendo contrações a cada 10 minutos, mais uma tá chegando agora, eu já subi e desci da cama, sentei em uma bola enorme e agora eu to com instintos assassinos
- Eu juro que se você me engravidar de novo, eu faço picadinho de você e sirvo no jantar
- Ah, ok
- E você concorda aaaaaaaaa
- Respira, calma
- Cala a boca
Ele segura na minha mão, eu me contorço por quase um minuto e o alívio vem, eu volto a respirar
- Isso é horrível, parece que vai me quebrar no meio
Ele beija a minha testa e eu encosto na cama com os olhos fechados

Mais uma hora se passa
- Tem certeza que não quer a peridural?
- Tenho
- Mer, daqui a pouco você não vai ter mais escolha
Eu já to com contrações durando quase um minuto
- Eu não - mais uma, eu tendo respirar mas não dá, isso dói muito- Não quero, chama Carina, os intervalos estão menores
- Tá bom
Não demora muito e a Carina chega
- Então, vamos ver como estamos
Ela se posiciona e vem outra contração
- Respira devagar, isso, chegou mesmo a hora, na próxima contração, você vai fazer força pra baixo, tá bom?
Eu mal ouço o que ela diz, mal passou a dor e ela já tá falando da próxima
- Aaaaaaaa, isso é.... aaaaaaaaa, caramba
Eu aperto a mão do Andrew e a Carina continua
- Isso, empurra
Quando a dor passa, parece que eu volto a respirar
- Eu posso empurrar? Eu sinto que eu tenho que eu tenho que fazer isso
- Não, só quando a contração vier
Ela mal termina de falar e outra vem
- Empurra, Meredith agora
Depois de repetir tudo isso umas 6 vezes, eu não tenho mais forças, não aguento mais
- Eu não consigo mais, eu não posso
O Andrew segura minha mão com força
- Consegue sim, você é a mulher mais forte que eu conheço, sem dúvida é a mais incrível e pode fazer qualquer coisa, eu sei que sim
Vem mais uma contração, eu me seguro no Andrew e grito
- Isso, muito bem
Então o alívio vem
- Só mais uma vez, Meredith
Ela mal termina de falar e vem mais uma contração, eu sinto que vou desmaiar
- Empurra, só essa vez, você consegue, ele tá quase aqui
Então eu empurro e ouço o choro, é como se nada existisse, o alívio é surreal, não consigo falar, vejo embaçado pelas lágrimas quando o Andrew corta o cordão, a Carina entrega aquele montinho enrolado pra ele quando ele vira pra mim, é só lágrimas também, ele me entrega o bebê e essa sensação é diferente, éincomparável mesmo já tendo passado por isso, cada vez é diferente da outra
- Oi, meu amor, é a mamãe
Eu seguro a mãozinha dele, tão perfeito em cada detalhe, sinto o Andrew me abraçar
- Obrigado pelo melhor presente que eu já ganhei na vida
Ele diz com a voz entrecortada, eu sorrio e nem consigo responder isso. A Carina volta a pegar o Luigi pra todo o atendimento inicial e banho e eu acabo pegando no sono, acordo algum tempo depois ouvindo uma conversa baixinha, abro os olhos devagar e olho pro lado, Andrew tá com o Luigi no colo, com Zola, Bailey e Ellis ao redor, nesse momento eu sei que eu ganhei o melhor presente da vida, minha família

A nossa vida... uma nova vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora