Sete

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Rolo na cama a noite inteira, não consigo dormir pensando no que ele disse e no tanto que eu sinto a falta dele, vejo o dia clarear, me arrumo cedo e sigo a rotina da manhã com as crianças, tá quase na hora de sair, Zola me pede um batom, nós subimos e eu entro no banheiro pra pegar, piso em algo escorregadio e caio, Zola ouve e o barulho e corre pra ver
- Mamãe?
Ela já está com lágrimas nos olhos e eu tenho que conter as minhas
- Tá tudo bem, tá bom?
Eu tento levantar, além da dor no quadril da pancada, eu não consigo colocar o pé no chão, droga, mas eu sei que não quebrou, eu tento afastar da minha mente as implicações de uma queda nessa fase da gravidez senão eu vou chorar
- Você não consegue levantar, quer que eu ligue pra ambulância?
- Não, pega meu celular e liga pro tio Andrew
Ela sai correndo do banheiro, demora uns instantes e eu ouço ela falar novamente
- Tio, é a Zola, a mamãe caiu no banheiro
Droga, eu deveria ter pedido o telefone e ligado eu mesma, ele vai testar se a moto voa dessa vez
- Zozo, deixa eu falar com ele
Ela vem e continua falando com ele
- Tá bom
Ela diz e me entrega o celular
- Andrew
- Como é que você tá? Eu já to indo
- Andrew calma, se você cair nessa moto, eu vou continuar aqui
- Você se machucou?
- Acho que torci o tornozelo
- Então você ainda tá no chão, agora eu realmente to desligando
- Espera
- Que foi?
- Você vai ter um filho, não faça nenhuma loucura
- Droga
Ele desliga, eu tive que apelar pra isso ou ele se acabar naquela moto
- Zozo, você fica lá embaixo com seus irmãos enquanto a mamãe não pode ir?
- Você vai ficar aqui sozinha?
- O Andrew já vai chegar, tá?
- Tá bom
Ela desce e ele chega em exatos 10 minutos, teria que levar pelo menos 20, ele entra no quarto
- Eu disse pra não correr
- Em minha defesa, peguei todos os sinais abertos, o que você tá sentindo?
- Meu pé tá doendo bastante e eu bati o quadril
Ele me pega no colo e me coloca na cama, a dor no tornozelo é enorme, eu fecho os olhos
- Vai doer menos se eu enfaixar
- No armário de remédios, lá embaixo
Ele corre, pega as coisas, olha pra mim
- Ta pronta?
- Não, faz logo
Eu mordo o lençol pra não gritar, a dor é horrível
- Machucou em mais algum lugar?
- Só o quadril mesmo, vai ficar bem roxo, vamos pro hospital
Ele me coloca no colo e me leva até o carro, arruma as crianças no carro e quando ele entra, ele para, respira, encosta a cabeça no volante, eu passo a mão no cabelo dele
- Não pensa nisso, não se deixa levar pra isso que eu to me concentrando em ficar calma
Nós nos olhamos num entendimento do quão frágil é essa situação, ele assente e liga o carro, nós vamos pro hospital. Chegamos lá e ele pega uma cadeira de rodas, assim que entramos, é o maior alvoroço de perguntas por todos os lados
- Gente, peraí, Dra Altman, qual leito?
Ele pergunta
- Por aqui, DeLuca
Ellis não gosta de confusão já tá agarrada na perna dele, Zola segura minha mão e Bailey segura a mão dela, Jo se aproxima
- Mer, o que foi?
-  Torci o pé, você leva eles na creche pra mim?
- Mamãe, eu quero ficar com você
A Zola ta olhando pra mim com os olhinhos cheios de lágrimas
- Vai com a tia Jo e quando a mamãe for pro quarto, manda buscar vocês
Ela olha pra Jo e pega a mão dela
- Eu vou avisar pro Alex, fica bem Mer
Jo sai com as crianças, Teddy chama o Link, eu recuso qualquer medicamento, mais do que um raio-x, eu quero um ultrassom

A nossa vida... uma nova vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora