Seis

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2 meses se passaram e essa história doida com o Andrew continuou, nós ficamos juntos mas não estamos juntos, até mesmo nos dias que eu o tratei mal e depois liguei pra ele ir, ele foi e nunca reclamou de absolutamente nada, eu não enjoei muito nessa gravidez, pelo menos até agora, hoje nós vamos tentar descobrir o sexo do bebê, tenho quase certeza que é um menino, quando eu chego na obstetrícia, recebo uma mensagem dele dizendo que entrou numa cirurgia de emergência, tudo bem, eu faço o exame, depois conto pra ele, assim que entro na sala, a Carina tá lá
- Oi, cadê a Dra Trumann?
- To no lugar dela hoje, algum problema?
- Não, ultrassom só, tentar ver o
-  sexo do bebê
- E cadê o Andrew?
- Entrou numa emergência agora, você vai fazer ou não?
- Eu faço, é claro, mas custa você esperar ele? Caramba Meredith, ele se importa muito com isso, sabia? O orgulho que ele fala "meu filho" é lindo de ver
- Eu sei que ele se importa, pode ser que nem dê pra ver, eu vou fazer muitos ultrassons ainda, qual o seu problema hein?
- Você realmente não faz ideia do quanto o Andrew sempre quis um filho né? Quando ele conheceu os seus filhos, ele não tinha outro assunto, nunca vi alguém se apegar tanto a crianças que não são dele, ele faria qualquer coisa no mundo por eles, eu nunca soube porquê vocês terminaram, mas pelo quanto ele ficou triste, eu sei que foi você que terminou, ele ia embora, ia deixar o programa de residência e ia pra Itália, ele tava certo disso, até você dizer ele podia continuar vendo as crianças
- Eu sei que ele gosta muito dos meus filhos, ele será um pai incrível, eu nunca duvidei disso
- Só que ele quer uma família, ele sempre foi assim, ele escolheu nomes pros filhos, Luigi e Luna, ele não te disse né? Ele sonha com isso e agora tá vivendo com as migalhas que você permite pra não ficar longe de vocês, ele ama você, ele ama seus filhos e eu odeio o que você tá fazendo com ele, você não vai achar alguém melhor que o Andrew, Meredith
- Com licença
Eu saio da sala ainda tonta com tanta informação, a visão de outra pessoa diante do que tá acontecendo me faz parecer horrível com o Andrew e talvez eu realmente esteja fazendo isso, ele cuida das crianças, dorme comigo, faz absolutamente tudo que eu peço e eu continuo dizendo que nós não somos um casal, mando uma mensagem pro Andrew avisando que não fiz o ultrassom.

Estou em casa com as crianças e ele chega, brinca com eles, coloca na cama e eu espero no sofá, mal consigo pensar no que fazer, ele volta e senta ao meu lado
- Você tá muito séria hoje, o que foi?
Eu faço um carinho no rosto dele, de leve e ele sorri
- Nada
- Por que não fez o ultrassom?
- Você não estava e eu quero que você esteja lá
O sorriso dele aumenta
- Você pensou em nomes?
Eu pergunto pra ele
- Você tem um ótimo gosto pra isso, o nome das crianças são homenagens, tenho certeza que você vai escolher bem e eu vou adorar
Eu sorrio pra ele, a Carina tem razão, ele aceita qualquer coisa com eu diga ou faça, com medo de perder o que eu permito que ele tenha e isso é muita maldade, mesmo que eu não queira, as lágrimas caem, ele me abraça e eu deito no ombro dele
- Ei, o que foi?
Ele pergunta
- Eu sou uma pessoa horrível
- De jeito nenhum
- Sou e sou horrível com você
Eu me afasto do abraço
- O que é que você tá dizendo?
- O combinado era sexo quando eu quisesse e eu to chorando e você tá aqui comigo, por quê?
- Eu posso ir se você quiser
- Não, não é isso, eu quero saber por que você tá aqui
- Metade da culpa de você estar tão emotiva é minha
Ele sorri, ele tá tentando disfarçar
- Você sabe o quanto é maravilhoso?
- Mas não o suficiente
- Claro que é, mais que suficiente
- Então por que nós não somos um casal?
Eu suspiro, culpa minha, eu praticamente pedi por esse assunto
- Porque não deu certo
- E como é dar certo? Eu venho pra sua casa quase todo dia, só não venho quando tem plantão, eu adoro ficar com as crianças e eles ficam comigo, quando a Melissa tá de folga, eu dou o jantar, dou banho, coloco na cama, eu durmo com você quase toda noite, eu estou realmente falando sobre dormir, eu acordo com você nos meus braços e é a melhor sensação do mundo, o único momento que eu não estou aqui é o café da manhã das crianças mas só porquê eu saio muito cedo, nós nos damos bem na cama e fora dela, o que falta nisso pra dar certo?
Minha cabeça roda, ele praticamente mora aqui, não tem como tá mais junto que isso, como eu não parei pra pensar em todas essas coisas?
- Eu acho melhor você ir embora
- Meredith
- Por favor
Ele suspira e levanta
- Boa noite, me liga qualquer coisa
Eu baixo a cabeça e vejo ele sair.

A nossa vida... uma nova vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora