ISAAC HINXTONE
-Em que posso lhe ajudar, senhor?
-Estou aqui para falar com o marquês. - Entrego meu cartão ao mordomo, que assente e abre mais a porta - Vou chamá-lo, milorde. Por favor, queria entrar e esperar.
Concordo e sigo para dentro da casa, esperando ali no hall de entrada enquanto o mordomo some por entre os corredores.
-Não imaginei que o veria por aqui, Brandford. - Olho na direção da escada e encontro Anthony D'Evill parado de maneira relaxada, com um jovem alto ao seu lado. A semelhança entre ambos não gera espaço para dúvidas, aquele é Harry D'Evill.
-Eu os informei que viria. - Respondo no mesmo tom.
-Sim, mas não imaginei que seria louco o suficiente para vir até aqui.
-Isso é algo que eu tratarei exclusivamente com o marquês.
-Lamento lhe decepcionar, senhor, mas se pretende falar sobre nossa irmã, estaremos presentes também. - O mais novo fala e não pude evitar a expressão de deboche.
-A palavra final é dele, não? - Sorrio - Não me incomodo de haver espectadores.
Anthony faz menção de descer um degrau, mas o irmão mais novo o impede, mesmo que ambos estejam me olhando como se pudessem queimar-me apenas com o olhar. Mostrando-se altamente útil e salvador de brigas, o mordomo retorna e curva levemente a cabeça.
-Sua Graça, o marquês irá recebê-lo no escritório. Me acompanhe, por gentileza.
Projeto um enorme sorriso no rosto e caminho atrás do mordomo por um corredor até uma enorme porta de carvalho aberta. O senhor entra primeiro e comunica o patrão sobre minha presença, dando-me permissão para entrar.
-Brighdown. - O comprimento.
-Boa tarde, Brandford. É realmente uma surpresa que esteja aqui, sente-se.
Ando de maneira relaxada até a poltrona de couro diante sua mesa de carvalho e me acomodo, não me deixarei intimidar, não ligo para qualquer boato sobre os D'Evill, principalmente o marquês. É só um homem.
-Eu lhe adiantei que o visitaria.
-Não cogitei que tivesse coragem de fazê-lo. - Sorri acomodamente e sinto minha desconfiança aumentar - Bebida? Recentemente comprei um conhaque muito bom.
-Aceitarei.
O marquês se levanta e rapidamente nos serve. Como se tudo houvesse sido ensaiado, no instante em que ele se senta, seus cães de guarda invadem o escritório e se posicionam em pé ao lado do pai, cada um de um lado.
-Já conheces meu filho mais velho, Anthony. Permita-me lhe apresentar meu filho mais novo, Harry.
-A presença deles aqui é de fato necessária?
D'Evill termina sem conhaque com calma, sem demonstrar qualquer preocupação com toda a situação e muito menos pressa para me responder. O marquês deposita seu copo de vidro sobre a mesa com certa lentidão e finalmente crava os olhos verdes em mim.
-Sem dúvidas. Meus filhos participam de qualquer decisão quando o assunto é a segurança de minha esposa ou minhas filhas.
-Não sabia que alguma delas estava em perigo.
-Comentário inteligente, Hinxtone. - Dá um leve sorriso para mim, o fato de ter usado meu sobrenome demonstra que ele, assim como sua filha, não liga para meu título ou posição social - Todavia me parece válido ressaltar que não o conheço e você veio até aqui querendo minha filha. Então sim, a segurança dela está em risco.
-Não fugirei com ela para me casar, se é isso que sugere.
-Tenho ciência de que isso jamais aconteceria. Por alguma graça divina minha filha tem juízo, o que me leva a questionar se você tem.
-Por que não teria? Todos temos que nos casar um dia, certo?
-Tem noção de onde quer se meter, Hinxtone? Um passo em falso e o caçaremos até destruí-lo.
-Se dei-me ao trabalho de interromper minhas obrigações e vir até aqui é porquê já tenho a autorização de sua filha e sei que ela seria uma perfeita duquesa.
-Como pode saber disso? A conheceu ontem. - Anthony fala, me fulminando com os olhos.
-Imagino que este detalhe esteja restrito a mim e a ela, não? - Sorrio zombeteiro, antes de bebericar meu conhaque - Sei da fama de sua família, sei que os filhos têm a liberdade de escolher com quem se casarão e eu já expliquei minhas intenções para a senhorita Victoria. Não vejo a necessidade de contar detalhes tão íntimos para os irmãos dela.
-Não se incomodaria de os contar para o pai dela? - Harry pergunta e volto a sorrir.
-É ele quem concede a autorização, não é?
Os irmãos pareciam a ponto de me espancar até a morte quando a porta do escritório se abriu. A marquesa surgiu com uma postura elegante e muito bem trajada em um vestido vinho. Seguindo as regras de etiqueta me pus de pé e fiz uma mesura para recebê-la.
-Lorde Brandford, que surpresa tê-lo aqui. - Comenta com um gentil sorriso, enquanto beijo o dorso de sua mão.
-Estou tentando conseguir as graças de seu marido, senhora.
-Certamente ele tomará a melhor decisão. - Os olhos castanhos e astutos analisam os meus com muita atenção, foi uma sensação estranha, como se estivesse vendo todos os pecados que já cometi na vida, além dos que cometerei. Me senti exposto, despido - Imagino que a pauta da reunião seja minha filha mais velha.
-Temo que sim. - Olho para o marquês - Minhas intenções com ela são as melhores, mas parece-me que o marquês e seus filhos não acreditam em mim.
-Eles não são ameaça alguma. Afinal, o senhor não causou mal algum a ela
-Estou agradecido, marquesa.
-Deixarei que terminem sua reunião. - Sorri de maneira gentil outra vez - Mas gostaria de dizer, milorde que tem minha permissão. Peço-lhe somente que não magoe minha filha ou meus filhos passarão a representar perigo para o senhor.
-Eles não me intimidam, senhora.
-Deveriam. - Olha rapidamente para os filhos antes de voltar sua atenção a mim - Qualquer homem inteligente sabe que não se irrita um D'Evill, mas sei que minha opinião é minoria, então estou de saída.
Dando um pequeno aceno de cabeça na direção do marido e dos filhos, a marquesa deixa o escritório com a mesma rapidez que entrou. Fixo meu olhar no marquês, tentando avaliar que decisão ele tomou.
-Creio que minha esposa já disse todo o recado. Autorizo a sua corte, Hinxtone, mas lembre-se que é bom que minha filha se manter segura. Qualquer coisa que aconteça com ela, caçaremos você.
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ISAAC LOURTON HINXTONE, Décimo segundo Duque de Brandord.
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Duque Atrevido - Os D'Evill 01
RomanceEssa obra é de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar, plágio é CRIME! Victória D'Evill sempre foi uma mulher com prioridades e se casar, no momento, não é um delas. Decidida a ajudar sua mãe na criação dos irmãos, Vic é sur...