Capítulo 25

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VICTORIA D'EVILL

-Então não quer tirar em Isaac?

-Ainda me irrita você chamá-lo pelo nome. - Anthony responde emburrado - Mas sim, talvez eu não cogite mais a ideia de desafiá-lo  para um duelo.

-É claro que posso chamá-lo pelo nome. Afinal de contas, vamos nos casar. - Me jogo no sofá, pousando a cabeça em seu colo.

-Não gosto da ideia de te ver casada. - Fala enquanto acaricia meus cabelos.

-Uma hora terei que me casar, Tony, assim como você.

-Nem me fale uma coisa dessas. Sinto o desespero aumentar dentro de mim.

-Você é o herdeiro de Bright Hall, precisa ter um filho.

-Não precisa ser agora.

-É verdade, mas eu gosto da ideia de me casar, ter minha própria casa, um marido e filhos.

-Precisa ser justo com o duque?

-Você seria contra qualquer pretendente que eu apresentasse à família.

-Isso é verdade, mas nunca vou assumir isso outra vez.

-Eu sei que não. - Rimos juntos e relaxo sob as carícias de meu irmão - O que achou dele? Deixando a antipatia de lado, por gentileza.

-Ele estava de ressaca e com a aparência destruída. - Argumenta - Mas me pareceu um homem solitário e durante a tarde tive a impressão que se sentiu desconfortável quando brincamos entre nós, como uma família, entende?

-Já tive essa mesma impressão. Isaac foi criado como qualquer outro homem da nobreza, nasceu para ser herdeiro de um ducado, não um filho. Quando converso com ele me sinto tão privilegiada pela família que tenho que fico incomodada por dentro.

-Vic, você sabe que tem a liberdade de desistir do casamento quando bem quiser, mesmo a sociedade nos condene você é uma D'Evill e nós nos protegemos. Mas se realmente quer se casar com o Hinxtone vai precisar de paciência, homens que são criados como herdeiros não costumam ser o mais atencioso dos maridos.

-Costumam ser bem o contrário.

-Sim. É por isso que precisará de muita paciência. Não será uma tarefa fácil.

-Estou disposta a arriscar.

-Você o ama?

-Não sei, mas gosto muito dele.

-Isaac tem meu voto de confiança, mas se ele te magoar, vou desafiá-lo.

Apenas rio de sua fala, pois sei que Anthony não faria isso de verdade, não se eu estiver realmente feliz com Isaac. Casar é uma aposta arriscada, é para toda a vida, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, não é? Mas amar é complicado, é incerto, mas pode valer a pena. Ter Isaac Hinxtone como meu marido realmente será uma maravilha.

A porta dupla da sala é aberta e os outros três filhos dos marqueses entram na sala. Harry e Elizabeth entram carregado uma bandeja de biscoitos, uma jarra de leite e xícaras; logo atrás vinha Charlotte pulando com um dos pés envolto por algumas talas.

Resultado de uma travessura pelas escadas da casa. Não importa se estamos na capital ou na propriedade de campo, Charlotte é conhecida por aterrorizar qualquer um que esteja no local, não importa se trata-se de nossos pais, dos irmãos ou empregados.

-Por que a Victoria está no meu lugar? - Charlie protesta assim que me vê recebendo carícias de Tony.

-Temos dois irmãos, pegue o outro para você. - Respondo me aconchegando mais ao seu corpo.

-Eu não sou segunda opção de ninguém! - Harry protesta e se joga sobre o outro sofá, arrastando Elizabeth junto.

-E eu vou ficar sozinha? - Faz beicinho - Papai e mamãe ficarão juntos.

Harry solta um suspiro longo e pesado, revirando os olhos e parecendo pensar se realmente vale a pena tomar e decisão. Claro que trata-se de Charlotte e ninguém nega praticamente nada para ela, então não foi nenhuma surpresa quando ele esticou o braço para chamá-la.

Rápida como um raio e sem parecer que estava machucada, Charlotte se jogo sobre o colo de Harry, sentando sobre suas pernas e apoiando a lateral do rostinho em seu peito. Ser uma criança 9 anos mais nova que seu irmão dá esse tipo de privilégio.

-Passamos o jantar inteiro conversando sobre o dia de cada um, mas quero mesmo saber como foi a visita ao duque! - Elizabeth se manifesta.

-Foi uma visita como qualquer outra, tomamos chá e comemos bolo. O que poderia haver de diferente?

-Papai, Anthony e Harry estavam na mesma sala que seu pretendente e não houve nem uma briga? - Me olha cética - Acha mesmo que acreditarei nisso?

-Mamãe estava junto. - Charlie intervém, de olhos fechados e recebendo carícias nos cabelos de Harry, assim como eu recebo de Tony - Ela não deixaria papai bater em ninguém.

-Papai obrigou o pobre homem a marcar a data do casamento? - Lilibeth volta a perguntar.

-Não, queríamos obrigá-lo, mas mamãe e Victoria não deixaram. - Harry responde.

-Victoria vai para longe depois que se casar? - Charlie pergunta e ela olho, sem deixar minha posição.

-Bem, terei uma casa diferente, não poderei mais estar todo o tempo com vocês.

-Você deixará a gente?

-Não, querida. Apenas terei uma nova casa, um pouco longe da nossa, mas verei vocês sempre que estivermos em Elbenia e poderei viajar para vê-los em Bright Hall.

-Você pode trocar cartas com ela sempre que quiser, Charlie. - Tony intervém.

-Quem vai me encobrir quando a preceptora ficar irritada? - Lilibeth comenta - Não posso me esconder na biblioteca para sempre! Vic, não sei se você deve ir.

-Parem com isso! - Harry intervém - Se Vic está feliz com o duque e quer se casar com ele, não vamos impedir. Sabem como funcionam as regras aqui em casa e pensem que terão um novo irmão, alguém para se juntar a família.

-Olhando por esse lado eu concordo! - Tony se manifesta - Estamos em menor número na casa, é melhor ter mais um homem por aqui.

Essa é a hora escolhida por meus pais para entrarem na sala. Seguindo a tradição que sempre fizemos, depois do jantar nos reunimos na sala de visitas, com biscoitos e leite, para conversar mais abertamente. Sem ninguém para escutar nossas conversas, apenas nós, brincando, conversando e se divertindo.

-Mamãe, vamos mesmo deixar Victoria ir embora? - Lili pergunta, deixando seu livro completamente de lado.

-Bem, ela já é adulta para decidir o que quiser.

-Papai?

-Concordo com sua mãe. - Ele sorri e fecha as portas - Já decidiram o jogo de hoje?

-Mímica! - Charlie sugere antes de Lili se candidatar para começar.

Quando eu tiver minha própria família farei questão de manter essa tradição. Mesmo que Isaac seja frio para a questão de sentimentos e afeto, posso ajudá-lo a aceitar e se acostumar com o carinho e o amor. Ninguém precisa ser solitário.

Duque Atrevido - Os D'Evill 01Onde histórias criam vida. Descubra agora