Ansiedade

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*Aviso de gatilho: o texto fala sobre crise de ansiedade. Caso não se sinta bem com as descrições, pare de ler (ou não leia).


Eu mal consigo respirar. Não consigo sentir meus pés no chão por completo. Meu peito dói, como se uma faca quente lhe ferisse lentamente. Então, eu me pergunto: o que aconteceu? O que está acontecendo? Não aconteceu nada. Não há o que temer.

Sinto meu corpo quente, minha garganta apertada. As lágrimas vêm aos olhos, sem motivo. Ando, me movimento; e a cada passo, sinto-me sair do meu corpo. Eu vou cair. Eu não tenho controle sobre meu corpo. Tudo parece girar.

Há uma mão de ferro apertando meu pescoço. Sinto-me sufocada.

Tem gente demais aqui.

Você vai cair.

Sinto-me fraca, impotente. Não quero ficar sozinha. Não posso!

À noite, temo fechar os olhos. Temo não acordar mais. Em meus sonhos, um turbilhão de pensamentos e acontecimentos me atingem. Eu não descanso.

Estou assustada. Acordo de madrugada, meu coração palpitando. O que vai acontecer agora?

Isso nunca vai passar?

Respiro profundamente, tentando me acalmar. Meu coração bate tão forte que é o único som que escuto.

Tudo vai ficar bem. Vai ficar tudo bem.

Mas sempre volta. O que está acontecendo?

Eu vou morrer.

Eu quero morrer.

O mundo gira novamente. Será que devo dizer para minha mãe? Não... Ela não compreende. Estou sozinha. Eu, apenas eu e meu corpo em crise. Há pessoas ao redor, mas me sinto sozinha. Temo pedir ajuda. Vão me achar louca.

É drama.

Você vai incomodar.

Apenas eu e meu corpo em crise.

Minhas mãos e meu rosto formigam. Milhares e milhares de formigas invadindo meus membros. Tenho a sensação de pânico de que não vou conseguir.

Quero desistir.

Mas uma voz bem no fundo do meu ser insiste, tentando me manter sã.

A cada batalha vencida, significa um passo para vencer a guerra.

Respiro fundo. Jogo água em meu rosto. Movimento meu corpo. Estou aqui.

Queria tanto um abraço agora.

Queria chorar.

Mas tenho que me manter forte. Ninguém parece se importar. Ninguém parece me enxergar.

Imagino-me em um belo jardim, onde sou além de uma carne. Eu brilho como uma alma habitando em um corpo perdido, doente.

Olho para o espelho, fitando os olhos marejados, os cabelos despenteados, a expressão de desespero.

Um ciclo contraditório se instala sobre mim.

Você é fraca.

Você é forte.

Você não é nada.

Você vai conseguir. Olha só onde chegou.

Mas está sofrendo.

Fico zonza. Imagino-me abraçando alguém. Um alguém que está tão perto, mas não existe de verdade.

Me ajude. Eu preciso de você.

Sinto falta quando meu coração batia desesperadamente por paixão, não por pânico. A adrenalina que traz felicidade, e não desespero.

Água no rosto. Respira. O mundo ainda parece sem sentido. Não me sinto em meu corpo.

Olho para o céu azul, cheio de nuvens branquinhas. Por que não consigo aproveitar nada disso? Por que não consigo me sentir bem?

Por que essa tempestade nunca parece acabar?

Quando passa, mesmo que seja por alguns minutos, sinto um alívio. Isso nunca mais vai voltar. Mas volta. Pois estou sempre fora de mim. Sempre perdida. Ainda não sinto meus pés no chão.

Sou um fantasma.

O que vai acontecer?

O que vai ser de mim?

Será mesmo que tenho um futuro, um destino?

O que devo fazer? Que caminho devo seguir?

Eu mal consigo respirar.

Não consigo sentir meus pés no chão por completo.

Meu peito dói, como se uma faca quente lhe ferisse lentamente.

E começa tudo de novo.

Espelhos QuebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora