Escrever

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Escrevo porque as palavras me mantêm viva. Escrevo porque é o que me mantém sóbria. Lúcida. Viva. É meu ponto gravitacional. É o que me faz flutuar, me mantendo na Terra. É o que exige suor e inspiração, mas nunca me cansa. Escrevo porque minha alma ordena, exige, pois palavras brotam como pés de feijões. Escrevo porque é como me libertar da prisão. A prisão das palavras faladas, e não escritas. Ai de mim não soubesse ler ou escrever. Agradeço por conseguir juntar cada sílaba, compreender cada palavra escrita, mesmo que o significado me seja desconhecido. Ai de mim se eu não fosse o poder da imaginação, potencializado pelos livros e o desespero de escapar da realidade.

Escrevo porque as palavras simplesmente fluem, mesmo que não façam sentido. Escrevo porque, desde o primeiro momento em que consegui escrever uma página, senti a felicidade transbordar pelos meus poros.

Escrevo porque a vida inteira senti como se palavras faladas não me pertencessem; eu tinha medo delas, e elas de mim. Já escrevi sobre a fantasia e a realidade. Poemas que trazem histórias e sentimentos. Já escrevi cartas para alguém que nunca existiu. Já escrevi cartas para alguém que existe, mas que nunca lerá. Já escrevi cartas ao Universo e aos Deuses.

Escrevo porque a realidade me sufoca, limita. O ato de escrever é um grito de liberdade, da boca e das mãos que foram caladas e questionadas. Escrevo porque isso me dá voz - muito além da voz que saem de nossas gargantas. Escrevo porque é uma das armas contra a morte e a tristeza.

Simplesmente escrevo porque é o ato mais sagrado da humanidade.

Espelhos QuebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora