857:FAMÍLIA, ADEUS

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Porque a dor é como um filho que alimentamos a cada dia para crescer e crescer dentro de nós até chegar um ponto que não podemos mais suportar.

A arrogância é o segundo filho, que não damos muita atenção no início, quando vira um problema não sabemos como lhe dá, ela se torna independente dentro de cada um de nós a ponto de nos maltratar.

A ignorância é o nosso pai que nunca sabe o que passamos de noite sozinho, a ausência do saber, que muito sabe falar, até tenta proteger, no final nos mata superficialmente.

Olá mamãe ansiedade? Cadê o amanhã que nunca chega, sempre sabendo do futuro sem viver, sempre colocando na nossa cabeça o que fazer, no fim é só uma ilusão e nos deixamos aflitos atoa.

Eu sou o filho mais velho que observa tudo calado, sou o sentimento mais cego que sente tudo em silêncio, sou o olhar perturbador de mim mesmo que me assusto no espelho, sou a esperança perdida de uma vida destruída, sou o amor sou ferida que nunca cicatriza, sou o que chora e ri, sou saudade do que nunca vivi. Sou a dor arrogância ignorante ansioso, no final não sou
ninguém.

O orgulho é o meu filho que eu crio debaixo do meu teto, depois ele cresce e se torna maior que eu.

A depressão é minha filha mais nova que entra no peito e não quer mais sair, que seu rosto é coberto de lágrimas e cada vez mais fundo é sua solidão.

O suicídio é meu neto que nem nasceu e tirou sua vida, que acredita que o futuro será pior que o hoje, que se matou com todas suas dores.

Se eu não nascer eu não serei. Afinal sou apenas um poema que ninguém vai ler ou citar. Sou um adeus que não volta!

Adriano Rodriguez Jr.

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