Lost Somewhere

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Eu tentava limpar as lágrimas da minha cara, mas de seguida vinham logo outras e outras, era um verdadeiro ciclo vicioso.

Bea, ouvem-me, foi a tal chamada que te deixou assim não foi?? - perguntou pondo as suas mãos em redor da minha face agarrando-a e aproximando-a da dele, criando um contacto visual aterrador entre nós, ficando a escassos milimetros da cara dele, conseguia sentir a sua respiração ofegante sobre mim, naquele momento ficámos num completo  silêncio.

Passado esses escassos minutos, eu afastei-me da face dele.

- Quem era á chamada? - perguntou seguindo com os seus olhos, o trajeto que as minhas lágrimas faziam pela minha face.

Eu respirei fundo e tentei explicar-lhe apesar de a presença das lágrimas em mim ser inevitável.

 - Era um mé...dico. - respondi gaguejando, sentia-me pessissamente mal, como se estivesse a ter um pesadelo, ainda me custava acreditar no que se estava a passar, eu desejava que aquilo tudo não passasse de um pesadelo e que entretanto ia acordar e ia estar tudo bem.

- Um médico, mas está tudo bem contigo!!!?? - perguntou começando tambem a entrelaçar os dedos, eu tambem fazia muito aquilo quando estava nervosa.

- Mai..s valia ter sido co...migo, mas in..felizmen...te não foi. - disse exatamente aquilo que me vinha á cabeça e o que me pareçia mais verdadeiro com alguma dificuldade pois o nó na garganta não me deixava por nada.

- Não digas isso, então foi com quem?!! - perguntou de uma maneira como se quisesse saber o final de um filme terror com os olhos absolutamente abertos e a face sem alguma reação.

- O meu p...ai ... - pronunciei de modo lento e devagar mas fui interropida por o soluçar .

- O teu pai, o que é que lhe aconteceu??!! - peguntou agarrando numa das minhas mãos e secando as lágrimas do meu rosto com a outra.

- Ele est..á em co....ma. - acabei provocando uma nostalgia imensa dele, já nao via o meu pai á uma semana, ele tinha andado sempre em viagens que duram dias e quando é assim nao vem a casa porque para conseguir chegar a horas aos sitios marcados tem de dormir e comer pelo caminho e tudo, desde pequena que já me habituei á ausencia dele em casa, tinha houve uma vez que ele teve um acidente mas tinha sido só um embate fraco, agora ele estava no hospital sei lá aonde em coma profundo, ele liga todos os dias a mim e á minha mãe e estamos sempre umas horas a falar, mas naquele dia ele não me tinha ligado.

- Ele vai ficar  bem, vais ver. - disse abraçando-me fortemente e quando olhei para ele consegui ver uma lágrima a crer fugir-lhe do olho.

- Espe...ro bem que sim. - disse retribuindo o abraço e molhando a camisola dele ainda mais do que estava com as minhas lágrimas. Sentia-me completamente perdida.

Olhei para o relógio e eram já 10 horas, era suposto já estar em casa, decerteza que a minha mãe já sabia o que tinha acontecido e eu sentia obrigação de ir para casa, para de certo modo partilharmos a dor uma com a outra, podia que assim nao doesse tanto.

O Tomás levou-me até á porta de minha casa, ficámos ali um bocado e depois despedimo-nos e entrei em casa, quando abri a porta de casa pude avistar uma foto do meu pai que se encontrava na moldura em cima de uma pequena cómodo, ao passar pela fotografia agarrei nela e resolvi levá-la comigo, quando cheguei á sala pude ver a minha sentada nele desfeita em lágrimas, ai tive as certezas das certezas que ela já sabia.

Ela mal me viu alevantou-se loucamente no sofá e abraçou-me, e ficámos ali assim bastante tempo lavadas em lágrimas, o tal médico devia de ter contado á minha mãe que já tinha falado comigo antes. Nem sabia o que havia de dizer á minha mãe.

- Filha, vai tudo ficar bem, temos de pensar posit..ivo. - disse limpando as lágrimas da minha face.

- É isso, vai tudo correr bem! - disse forçando um sorriso.

- O pai está no hospital lá na Holanda, mas vão transferi-lo  mal possam para cá e depois mal ele cheguem cá vamos ve-lo, ok?! - disse causando uma imagem terrivel na minha mente, só de imaginar o meu pai ferido e completamente imóvel deitado numa maca, numa sala do hospital ligado a uma máquina que lhe controla os batimentos cardiacos, é absolutamente horrivel essa visão, dou por mim a chorar e aos murros á parede do meu quarto, esmurrei tanto a parede que acabei a sangrar bastante das mãos.

A minha mãe dava ares de não estar muito preocupada, mas aquilo era só fachada, eu saio a ela em relaçao a isso, demonstra que está tudo bem mas por dentro simplesmente sente um vazio enorme, mas o dia de hoje foi uma exeção, as minhas emoções descontrolaram-se por completo e não queria saber se estava a ser fraca, a unica coisa que eu queria era que o meu pai estivesse bem e aqui conosco.

Simplesmente cai sobre a cama e adormeçi, pensei que fosse mais dificil de conseguir adormecer, mas estava tão cansada e gelada que no meio daquele quente o meu corpo cedeu absolutamente.

 - Um mês depois -

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Dark AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora