No mesmo dia, 11 da manhã
São onze da manhã no cemitério mais próximo que se podia arranjar em cima da hora. Era uma coisa que se tinha de fazer no dia, insistia Mrs. Jones. Um funeral era uma cerimónia de respeito, não algo que se faça quando "já tudo estiver pronto". Não há nada para estar pronto, não é uma celebração. Desde que haja alguém que realize a cerimônia e entes queridos tudo está pronto. Disparates na opinião de Peter. Desde essa madrugada ele se tinha apercebido que para deixar alguém saber aquilo que sentimos tem de ser feito simples e diretamente. Uma cerimónia em sua honra? Pois, agora já é um bocado tarde, não? Ele tem a certeza que ela iria amar ser apreciada viva, ele tem a certeza que se a tivesse apreciado à uns messes atrás, confiado nela, ninguém estaria num cemitério nesse momento. Ainda por cima, queimaram o corpo, o que eles vão enterrar agora? Sua alma? Não há mais nada dela de qualquer maneira. Provavelmente, foi porque não queria olhar para sua cara completamente queimada, não queria dar pesadelos à mais nova, Peter pensava. Também não tencionava perguntar.
-Ei, como você está se aguentando?- tia May segredou no ouvido de Peter.
-Estou bem.- este respondeu simplesmente.
-A irmã de Michelle está lidando muito mal com isso, sabe. Falei com Mrs. Jones que diz que a menina não fala desde que soube. Você podia falar com ela? Ela está ali ao fundo ao pé daquela árvore que você ficou, bem, no último funeral que fomos... - acaricia gentilmente o braço do sobrinho.
-Pois essa árvore. Não acha que isso fica mal? No meio da "cerimónia"?
- Para de falar cerimónia desse jeito Peter, isso é uma cerimónia. Tenha mais respeito.- Tia May referiu mais severamente não abandonado o tom suave.
-Respeito?- indignou Peter, algumas pessoas começavam a olhar procurando saber a razão de tanta conversa- Vou ver da Emma.
Emma não estava muito longe. Estava sentada junto da árvore de costas para Peter quando este lhe chegou perto. Ele muito menos estava para fazer outra pessoa se sentir melhor quando ele próprio estava uma simples merda de estado de espirito, mas fazia qualquer coisa para sair da tão dita "cerimónia", se para isso tivesse de consolar uma criança, era isso que ia fazer.
- Como você está se aguentando?- se sentiu um idiota por a fazer a pergunta da Tia a uma garota que tinha acabado de perder a irmã. Não obteve resposta.- Há alguma coisa que eu possa fazer?
- Se há alguma coisa que possa fazer? - Emma se levanta num salto- Olha à sua volta? Não acha que já fez suficiente?!- a garota exclama sentindo uma raiva que nunca antes havia sentindo, tinha agora vários sentimentos novos a serem descobertos.
-Emma, está falando do quê?- se ele fosse sincero, ele não queria mesmo saber. Perguntou por simpatia. Só ia deixar a garota responder e depois chamaria a mãe, não estava com um mínimo de paciência.
-Sabe, eu ia jurar que o Homem-Aranha salvava pessoas. Porque ele não salvou ela?!- enquanto a moça falava com raiva entre dentes, Peter só pensava nervosamente o quanto não conseguia lidar com as fantasias de super heróis da garota.-Porque você não salvou ela?! Você só tinha de confiar nela, ela te pediu isso! Era seu dever de namorado! E se não cumpriu bem essa parte, pelo menos salvava ela! O seu dever de super herói namorado!
-Espera, se explica melhor aí. O que você está dizendo exatamente? - Peter estava dando em louco interiormente, alguém havia descoberto a sua identidade? Uma criança? O pior não era isso, ele estava dando em louco pois ele profundamente não queria saber. Ele queria se concentrar na situação, mas pouco se importava se a criança sabia ou não,continua a se tentar concentrar.
-À umas semanas eu estava lendo quadradinhos seus até tarde como costumo fazer, é claro sem ninguém saber ou adeus quadradinhos - sorriu ligeiramente escorrendo uma lágrima - E foi então que vi o próprio Homem-Aranha e sabe uma coisa? Ele entrou no quarto da minha irmã. Imagina a minha cara de chocada quando vi isso de madrugada. Ainda fiquei mais chocada quando ela chamou Peter constantemente. Segundos depois de processar nunca fiquei tão feliz. - passa a mão na cara - A minha irmã, namorada de um super herói!- Abre a pequena mochila em suas costas e tira um caderno velho - Ela tinha razão e você não acreditou nela. Ela confiou em você! Ela confiou que a ia proteger,eu confiei que a ia proteger e mesma assim não acreditou nela!- Emma atira o caderno para o chão, suas palavras saiam quase a metade, deixou de impedir as lágrimas- Agarre e leia! Veja o que ela fez por você! As horas que gastou! Mas não fique com ele, dê para Tony Stark, acho que ela também tem uma boa mensagem para ele.
Peter simplesmente não conseguia pensar no que lhe estava a ser dito, decidiu que processava assim que parasse de falar com a garota, decidiu que tem de falar alguma coisa nesse momento, mas não sai nada.
-Ela está morta.- volta a falar a garota.- Você me fez ir ao funeral da minha irmã no meu aniversário. Ela está morta e é você quem eu culpo.
Passa um longo tempo em silêncio. Segundos após a última fala a menina se senta de novo como estava mas Peter está tentando decifrar todo esse momento durante alguns minutos sem sucesso, é uma luta interior. Foram apenas palavras, pensa. Se eu quiser decifrá-las eu posso, continua pensando. Por mais esforço que fizesse, seu cérebro e corpo apenas pareciam mandar sinais de não querer. Como ele poderia querer e não querer ao mesmo tempo? Simplesmente não conseguia pensar nisso.
Num movimento de desespero, apenas agarrou no caderno caído no chão e andou em direção à tia rapidamente, a cerimónia parecia ter acabado.
-Vou andando para casa, dê meus cumprimentos e melhoras para Mrs. Jones 'tá?
May olhou para o seu sobrinho um tanto preocupada, mas sobretudo nervosa. Peter notou isso também.
-Na verdade, querido...
Tony Stark apareceu por de trás de Tia May. O milionário estava obviamente de rastos e sem jeito. Abriu a boca mas logo a fechou dando uma olhada para May que rapidamente a captou.
- Vou deixar vocês sozinhos.- a mesma falou ao se afastar.
-Garoto, eu..
- Não, nem tenta. Não hoje, estou falando a sério, não hoje!- o herói mas novo dispara agressivamente olhando à volta procurando por onde sair.- Olha fica com isso.- entrega num rápido movimento o caderno para Tony.- Ao que parece, isso era ambos lermos, mas espero que tenha mais prazer em fazer isso do que eu. Pena que já sabe o que acontece no final.
Antes que Stark pudesse responder, o garoto fugiu da situação o mais rápido que pôde. Correu do cemitério para fora onde se enfiou no primeiro beco que encontrou e passou lá o resto da tarde.
FIM
Quando publicar a história nova faço outro capítulo nessa para avisar.
Espero que tenham gostado dessa fic!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Spideychelle❤💭 "Será verdade ?"
FanfictionTEM CAPÍTULO DE CENAS CRÉDITO Peter Parker, um garoto de 15 anos têm de equilibrar a suas duas vidas entre um garoto nerd e excelente estudante e ser o amigo da vizinhança e herói local Spider-Man. Com todas as preocupações que a sua vida requer, Pa...