Momentos antes de acontecer- Michelle

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Pov.Michelle

Primeiro domingo de férias, segundo dia sem aulas. O inicio de um enorme e aparente longo verão que se correr mal durará séculos ou se correr bem irá durar segundos. No entanto tudo o que posso dizer é que estou no inicio do verão da minha vida. O verão cujo as primeiras vinte e quatro horas foram dedicadas ao meu lado de cientista louca, duvido fazer melhor que isso. Até agora tem sido um verão muito interessante e tão ocupado que sinceramente mal pensei no Parker, aliás, acho que só pensei em sua cara quando ele vir que tenho razão. Tenho tido tanto em que pensar que minha vida romântica demasiado dramática me tem escapado e sinceramente ainda bem. Antes só conseguia pensar na sua cara de culpa, vergonha e embaraço quando chegasse a hora mas tirei essa ideia da cabeça, acho que preferia não ver sua cara de todo. Sinceramente, preferia mesmo não pensar mais em todo esse assunto e seguir em frente. Seguir em frente sem ele.

 É que eu fico pensando também: eu estou sempre dizendo "quando" ele vir que eu tenho razão e não "se" eu tiver razão. Mas essa é a verdade certo? Há grandes hipóteses de isso dar muito errado. O meu eu egocêntrico nunca pensou e se isso não resultar?  Fico imaginando o que aconteceria quando as armas falharem, eu chego lá com meu brilhante plano que por acaso tinha uma falha em um sitio qualquer. E agora? A minha tão milagrosa ideia pode causar morte de tantas pessoas...Como Peter iria ficar se Mr.Stark morresse? Então e se eu morrer? E se Peter morrer...? Como eu vou ficar?

Não. A minha vida não é isso, essa não sou eu. Não sou o tipo de garota que fica a pensar num moleque qualquer todo o dia e toda a noite, não fico pensando que roupa ficaria melhor para sair no caso de termos algum encontro casual, não choro após uma merda de uma discussão, essa não sou eu. Tenho sido assim nos últimos tempos e não dá para mim, não dá. Não vou mudar minha personalidade ou me magoar por um garoto tenha um pijama vermelho ou não tenha. Ou que seja o Peter. Eu sei vai custar, não sei o porquê mas sei que vai, mas o tempo cura tudo. O tempo passa tão depressa que num momento estou com Peter nos meus pensamentos e minha irmã tem nove anos e amanhã ela terá dez e talvez Peter já tenha passado à história.

Estou sentada no sofá coberta por uma manta bege de algodão enquanto Emma está enroscada no meu colo dobrando a manta toda apesar de eu a a avisar que quem a vai dobrar será ela. Está dando maratona de Harry Potter que ambas adoramos e nossa mãe concordou em vermos até ao Cálice de Fogo que acabará antes da uma da manhã para que eu e Emma celebrássemos à meia noite visto que ela está trabalhando. Estamos quase acabando nosso preferido, o prisioneiro de Azkaban e dizendo quase todas as falas:

- Como vocês chegaram lá? Eu estava falando com vocês ali. E agora vocês estão aí. -disse imitando a voz dramática do Ron com meu melhor sotaque britânico.

-Do que ele está falando Harry?- respondeu ao mesmo tempo que a personagem e olhando para mim como num diálogo.

-Não sei.- respondi- Sinceramente Rony, como alguém pode estar em dois...

-Lamentamos interromper a sessão de cinema para noticias urgentes de última hora.-paro abruptamente e olho para o pivô de ar sério- Nova Iorque está sendo novamente atacada pela entidade que se auto intitula como Electro. Pedimos a todos os habitantes de Nova Iorque que permaneçam em casa e não saiam até as autoridades darem sinal e ás pessoas que se encontram nas ruas por favor encontrarem um sitio seguro para permanecer nas próximas horas. Os policiais locais estão segurando a situação como podem apesar da confirmação pelo próprio Tony Stark que ele está a caminho e irá solucionar o problema. Mais informações a seguir às imagens.

Minha cabeça está vazia e meu corpo paralisado olhando para a televisão. Não consigo pensar em nada, só consigo ver imagens tiradas de um helicóptero de um homem com as mãos brilhantes disparando raios contra os policias que atiravam nele até que num clique acordei do transe. Me levantei automaticamente ignorando o chamamento de Emma. Fui no meu quarto e peguei minha engenhoca já montada de maneira a que os fios da bateria atravessassem o tubo alumínio coberto de uma capa de borracha e toquem no encaixe do cobre. Agarro ela pela borracha pois se tocar no cobre vai dar merda não tencionando morrer hoje e pego no celular em caso de emergência. Passo pela sala onde Emma me encara confusa mas triste porque entendeu que vou ter de sair. Abre a boca para falar algo mas antes de conseguir me sento no sofá e começo falando:

-Eu volto rapidinho ok?- sorrio e prendo seu cabelo atrás de sua orelha.

-Volta antes da meia noite tá? Sabe que é a primeira vez que posso ficar até à meia noite e é meu aniversário...- baixo os olhos e me sinto a pior pessoa do mundo.

Olho para o celular e vejo que faltam sete minutos para as dez. Suspiro porque percebo que não estar cá quando minha irmã bebê se tornar uma moça com idade de dois algarismos.

-Eu preciso que faça um favor para mim tá? Se mamãe chegar antes de mim preciso que diga para ela que eu saí para fazer compras para sua festa, pode ser meu anjo?

-Você vai chegar depois da meia noite?! -choramingou- E... E... E os filmes? O plano? O bolo da meia noite? -merda me esqueci- Você vai me deixar?

-Desculpa mas tenho sim. - olhei para o teto sem coragem de a encarar.

A puxei para um abraço que não retribuiu mas acho que está nesse direito. Respiro fundo e sorrio.

-Vai ao meu computador a continua a ver a saga. E se quiser ver a Ordem da Fênix a seguir podemos fingir para mamãe que não sabemos de nada legal?

Não responde mas me lanço para lhe dar um beijo na testa e viro costas muito depressa para não me arrepender, coisa que já fiz.

Olho para o celular de novo e faltam três minutos para  último ônibus partir, corro escada abaixo.

-Olha! -grito para o homem fechando as portas do ônibus totalmente vazio e elas se abrem outra vez- Obrigada!- corro subindo as pequenas escadas para entrar com respiração ofegante-Obrigada...-agradeço de novo recuperando o folgo.

-Para onde?- pergunta o homem após fazer um sorriso de resposta.

-Para o centro de Nova Iorque..?- perguntei insegura pois ninguém teria coragem de ir agora para lá e provavelmente já terá visto as noticias.

-Pode se sentar. Onde quiser aparentemente. Sabe, em dez anos de serviço nunca tive um ônibus vazio.- sorriu passando a mão no bigode e arrancou enquanto suspirei de alívio.

Me sento num lugar perto da saída no lado da janela e encaro a paisagem dos bairros de Nova Iorque de noite comparando com a luminosidade e vida que o centro da cidade tem...

Isso tem de dar certo. Porque eu não sei o que fazer se não der.



Spideychelle❤💭 "Será verdade ?"Onde histórias criam vida. Descubra agora