A Senhora da Boa Morte

Capítulo 9 - O Quebrado

Uma enorme fogueira consome um castelo, um rei, um cavaleiro heroico, grande parte dos nobres em promessas e profecias de Sangue e Fogo no meio das Terras da Tempestade.

Um torneio é anunciado quando a Primavera retorna; há muito a ser celebrado nestes anos de reconstrução e paz no reinado do Rei Lobo e a Rainha Dragão - desde os anos de desesperação da Longa Noite; assim como a terceira geração de cabeças coroadas causa esperança a todos.

No extremo da terra, os Outros atentam à vida do Lorde Comandante. Nada sabem como aniquilar tais intrusos que parecem imbatíveis, sobrenaturais. O Corvo grita "Queime! Queime!" ao jovem Snow.

O Pastor grita contra o falso rei e a rainha puta e a morte de todos os dragões do Fosso; a multidão enlouquecida grita "Matem todos! Matem todos!" sem perceberem o Corvo murmurando suas instruções ao profeta. Todos os Dragões precisam ser detidos.

A Lady de Winterfell brinca com o filho mais novo em um campo verde e infinito, coloca a mão na barriga sentindo-se abençoada; e a criança corre para um abraço apertado dela. O Menino Corvo quer aquele abraço de novo, grita "Mãe!"... Catelyn se vira e procura a voz. Bran quer ficar ali, ser apenas o Menino. O Corvo lhe lembra, lhe cobra. O Menino não quer voltar.

Ao chegar ao bosque sagrado; está mais que atrasado. Fedor não está mais ali. Sem sua intervenção, Sansa não sairá viva. Ele não se importa.

Ao deixar as visões para trás, retornar para os jardins de Pedra do Dragão, Bran I sente-se extremamente exausto. Não se recorda a ultima vez que comeu, dormiu, nem quanto tempo ficou fora. Não percebe ninguém por perto também. Tenta chamar uma viva alma, mas sua voz não se faz presente, tem sede. E dor... As duas queimaduras em seus braços transformaram-se em bolhas e pus; mesmo com todos os unguentos administrados, nada teve os resultados esperados. As queimaduras continuaram a piorar.

Seu corpo e mente estão distintos. Parte do Menino se perdeu, fugiu. Seu poder está fragmentado e sem foco, isso irrita o Corvo. Não mais que ninguém ter ido servi-lo. Onde estão todos?!  Tenta mover sua cadeira, mas os braços fraquejam. Suas roupas estão úmidas e é quase noite, há neve no chão. Se ele tivesse sido mais observador do Presente saberia que todos o abandonaram, pouco a pouco, levando parte dos bens de valor e documentos da fortaleza. Não que não houvesse aqueles leais; estas foram os últimos a partir percebendo que perderiam suas vidas se ficassem. O cargo de Mão mudou muitas vezes, nenhum ficou incólume aos fantasmas das Targaryens. Mesmo Mãos precisam de Reis e Rainhas para servir e unir o Reino, e a cada dia ficava claro que o Rei Corvo não vivia a mesma realidade, não entendia a gravidade da situação.

- Finalmente, alguém... –e o restante das palavras ficou preso a garganta do Rei ao ver quem chegava.

- Não se preocupe, logo tudo acabará. Estamos sozinhos; mas não por muito.

Ele observou a silhueta negra quase flutuar pela neve com seu capuz cobrindo a cabeça; com atenção podia-se intuir uma coroa nos cabelos platinados; a cada passo parte de uma veste rubra aparecia, ricamente ornamentada. Não aparentou nenhuma surpresa a gestação a termo que a intrusa carregava desta vez, já a vira assim em suas visões.

- Nesta ilha, Jon me contou da conexão de vocês Starks com seus lobos, semelhante a minha com meus filhos –tinha parado a frente dele e percebeu que o aspecto dela era menos humano- Você não conseguiu controlar Drogon –o Corvo não disse nada-... Nem nestes meses, nem antes. Dragões não são escravos. E junto com estes pensamentos; você insistiu que Jon precisava saber ser filho de meu irmão Rhaegar.

- Merecia a verdade; tal como a memória do meu pai; minha mãe nunca foi desonrada.

- Estão mortos seus pais; nenhum de vocês trouxe esta verdade ao mundo. Jon não se beneficiou em nada com ela; todos perseguindo que a única coroa que ele poderia usar era a minha.