Capítulo 2 - O Senhor Mão

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Em dado momento, Tyrion Lannister nunca esteve tão contente consigo mesmo. Se os Deuses não tivesse lhe abençoado com tanta astucia e inteligência, já estaria apodrecendo numa cova rasa há bons anos. Contra todas as apostas, ele foi o Lannister que se sobrepôs a todos de sua família, até mesmo o Senhor seu pai. Ele era maior, colecionava seu terceiro monarca.

E a maior afronta ao maldito: Rochedo Casterly era seu.

Não de Jaime ou Cersei, ou qualquer outro. Era seu. Era daquele que sempre fora a vergonha dos Leões. "Onde nos 7 infernos estiver, veja me Pai!"

Mas este momento de gloria havia passado.

Agora ele tentava –desesperadamente- salvar o Reino. Os 6 que lhe restavam, ao menos.

Ou ao menos, mais uma vez, o seu pescoço.

De sua mesa de trabalho, tentava organizar documentos, encaminhar assuntos e colocar ordem; mas estava cercado de estúpidos! Jogou longe uma taça de vinho com dificuldade. Nem este velho amigo conseguia lhe trazer paz. Logo se arrependeu, pois o vinho era cada vez mais escasso neste tempo de adversidades. Tudo era úmido ali. Seu corpo doía, mas não era o frio. Começara com um desconforto no corpo, sob sua pele, e agora era uma dor constante depois de tudo que acontecera. Era uma carcaça. Que grande merda tudo isso!

Para começar; não havia como permanecer nos escombros de Porto Real; não sobrara muita coisa. Além daquele cheiro fétido que foi se impregnando no ar, nas roupas, na pele de cada um, não havia comida, não havia serviços, ou servos... Ou mesmo guardas para proteção deles. Lady Sansa (ou a coroa valia algo?) prometera um exercito ao irmãozinho e entregara menos de 1/10 do numero. Com que exercito contava o Norte? Ademais depois de terem se matado por tanto tempo uns aos outros. E Rei Bran não tinha nada; nem exércitos, nem apoiadores, nem muito menos ouro. E eles precisavam de todos estes, em especial depois da mensagem vinda de Braavos. Dívidas e Lannisters. Talvez, ele não era tão astuto como pensava.

Os Dothrakis, depois de entenderem o que se passava de verdade e perceberem que nem o corpo de sua Khaleesi lhe seria entregue, começaram a matar a todos e queimar o que restava da Capital. Malditos bárbaros. O Rei e sua pequena corte precisaram fugir sem muita dignidade como ratos pelos tuneis da Fortaleza Vermelha; sem a presença de Varys e o que fora destruído, a fuga não foi tão eficiente. Foi um belo desastre até conseguirem chegar a Pedra do Dragão. O que era uma puta ironia, voltara ao lar dos Targaryens.

Um jovem que Tyrion não tinha ideia de quem era, nem lhe importava aprender o nome, entrou apressado.

- Senhor Mão; Meistre Samwell pede-lhe que eu leia o que os corvos trouxeram esta manhã...

- Meistre... Nenhum elo tem o Grande Meistre do Rei, não é mesmo?... Reflete bem a decadência deste governo...- ele suspirou fundo com uma mão na têmpora-... Mas diga-me... Que boas noticias os corvos trouxeram em suas negras asas? – sorriu e o serviçal não capitara a graça e evitava encara-lo. Inúteis.

- É.. bem... Os selvagens do além-mar continuam pilhando comida e cavalos, e queimam o resto que não conseguem carregar...

- Onde eles estão agora? – o mensageiro passou os olhos nos múltiplos papeis nas mãos-... Pelo Guerreiro, eles se espalharam pelo Reino?! Outra praga! ...Algo mais?

- A besta negra atacou o Vale; 4 vilas....- o jovem engoliu as palavras restantes.

- Uma fila para exigir a recompensa pela cabeça de Drogon; ao que parece a mentira em Westeros continua em voga. E os escorpiões, catapultas? Ninguém conseguiu feri-lo?

-... Os castelos queimaram tudo; o frio está mais presente que o dragão para muitos deles. E 57 lordes exigem que a Coroa mande comida e lenha ou não resistirão ao inverno...

A Senhora da Boa MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora