𝑶𝒄𝒖𝒍𝒕𝒂𝒕𝒖𝒎

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Os olhos pardos pendiam para a cor mais clara, eram acentuados e marcavam a força de uma moça no auge da sua líbido intrigante, podia-se ver com clareza o seu desejo de querer sempre mais estar no meio do arriscado que fazia seu coração golpear em seu peito cada vez mais com força e com rapidez movido pela excitação do proibido - qualquer um que mergulhasse em seu olhar se perderia naufragado sem ter oportunidade de pedir resgate. 

Seu olhar sedento por uma aventura que desafiasse todas as leis impostas sobre si desde o nascimento, desafiando quem era capaz de acabar com tudo em um só segundo, seus cabelos longos e volumosos era o suficiente para que jogasse-os para frente na tentativa de cobrir o máximo possível, um lenço escuro disposto sobre sua cabeça ajudava a esconder sua identidade até que passasse pelas ruas entre os guardas e vilelas;  seu corpo trêmulo se arrepiava cada vez mais ao imaginar que em alguns minutos estaria no meio de pessoas que não conhecia. Conseguia ver antes mesmo de começar a dançar, na sua extensão das costas, embaixo do cabelo em sua nuca molhados, o suor pingando de mover seus quadris. Seu vestido justo preto propositalmente para ser o mais discreto possível, ainda assim, marcava suas curvas diferente dos vestidos com saias imensas e tules, agora era possível vê-la, sentia-se exposta cada vez que chegava mais perto da boate escura iluminada apenas por pequenos feixes de luz. Suas pernas a levaram para dentro das portas de madeiras velhas, observou as pessoas que estavam bêbadas demais para perceber que alguém havia chegado, seus olhos varriam cada canto enquanto procurava o local mais reservado possível antes de por seu corpo na pista de dança. A música nesse dia era diferente da outra vez em que conseguiu por os pés ali, estava mais alta e mais próxima de seus ouvidos, observando cada centímetro que conseguia sob a iluminação baixa da boate, seus olhos correram por toda a extensão do local até parar no tablado um pouco mais alto onde haviam cinco homens tocando e cantando, era dali que vinha o som que dominava todo o lugar. Variavam de notas entre o que ela conhecia como jazz para as moças dançarem com os seus parceiros, até o rock para pularem sem se importar em quem se esbarravam, tocava até mesmo um blues lento, romântico, para que os casais se entrelaçassem em um abraço envolvidos na dança a dois. A cada passo que dava sentia o suor do local abafado escorrendo pelo seu pescoço antes mesmo de começar a dançar.

Camila já havia observado o suficiente, os olhos cansados de reparar em cada detalhe se distraiam a cada pessoa que passava do seu lado; seus pés caminharam em direção ao bar, onde comprou a bebida que ela conseguia entender o que continha dentro, as pessoas a olhavam mas não reparavam em nenhum minuto que estavam diante da princesa de Frankia, era o que tornava as coisas mais excitantes do que realmente eram.

Duas doses alcoólicas depois seu corpo já estava relaxado o suficiente para ir parar na pista de dança tão próximo ao palco que era mais fácil ainda de se ouvir a música cada vez mais alta; de costas para o tablado, os quadris se mexiam de um lado para o outro no mesmo ritmo que a melodia da música, os braços no alto brilhavam enquanto se mexiam pelo suor que se intensificava ainda mais a  cada movimento, seu olhar cuidadoso passava por cada um em cima do tablado, o cantor estava suado tanto quanto ela, era possível sentir o êxtase saindo pelos seus poros enquanto cantava, o guitarrista e o baixista eram mais velhos do que a sua idade, tocavam com maestria e todos eles pareciam estar satisfeitos de estarem tocando ali naquela noite, sua visão passou por todos eles até estagnar no jovem que tocava a bateria, percorria por cada canto do seu corpo com cautela e atenção, pôde ver que suas roupas eram mais surradas que as dela, a camisa era clara com as mangas dobradas até a altura do cotovelo, estava mais colada em seu corpo do que de fato era por conta do leve suor que escorria pelo seu pescoço, que ainda mais perceptível por conta dos primeiros botões abertos.

Tudo a partir do momento em que seus olhos pararam no baterista começou a funcionar em câmera lenta; conseguia ver o suor escorrendo lentamente pra dentro da camisa, reparou com cuidado no seu cabelo cortado baixo, nos seus olhos fechados enquanto tocava, até nas pulseiras que estavam no seu pulso esquerdo, consequentemente seguindo para o movimento em que suas mãos conectadas em seus braços faziam ao estimular as baquetas que se encontravam nos pratos e tambores do instrumento, em como ele acabava sorrindo quando chegava uma parte boa da música, ela havia perdido todos os sentidos de tempo e espaço assim que seus olhos pararam por reparar quem estava tocando a bateria, estava submersa o suficiente para não conseguir perceber que o show havia acabado, muito menos ouvir o cantor agradecendo a presença de todos que compareceram ali.
O baterista observava a plateia com um sorriso satisfeito no rosto, e ela não conseguiu desviar o olhar quando os dele encontraram os seus, quando a visão do rapaz parou sobre a sua que o encarava sem disfarce algum, teve a sensação de um arrepio agudo percorrer toda a sua espinha, do começo ao fim, e por um breve momento parecia já não haver mais ar no mundo.

BOYER • tom hollandOnde histórias criam vida. Descubra agora