Capítulo 13 - Morangos

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As portas dos vagões do trem se abriram, nos trazendo um ar miseravelmente frio. Diferente de antes, agora estavam fazendo 13°C. Dez graus à mais do que quando entramos nos vagões. Estava um pouco mais calor, mas ainda assim, os meninos e a Sun quase me bateram quando eu ameacei tirar as luvas. A Joaquina já estava guardadinha na bolsa dela, junto aos outros itens de fotografia, que estava apoiada no meu ombro esquerdo, enquanto a alça da minha mochila ocupava o meu outro ombro. Eu tenho outra mala, de rodinha, mas Hoseok foi mais rápido que eu e pegou-a, levando junto de si.

Respirei fundo, sentindo o cheiro daquela cidade novamente. Por mais que não pareça, cada cidade tem o seu cheiro; Daegu, com certeza esse era o meu cheiro preferido de todas as cidades.

Eu sei, eu pareço um maluco cheirador de asfalto, mas realmente, tudo nesse lugar me agrada. Eu nem mesmo liguei para a cara feia que o guarda da entrada dos portões de Daegu fez pra a gente quando passamos. Aquela cidade era perfeita para mim. Um ar muito mais leve e simples do que o de Seul. Eu estava sentindo falta disso.

Apesar de eu amar essa cidade, ela não parecia mais a mesma. Quando eu vim aqui pela ultima vez, ou seja, final do ano retrasado, ela era muito menor e não era tão movimentada. Ela estava parecendo uma das ruas de Seul, mas ainda assim mantinha o ar acolhedor. Eu senti saudades daquilo.

Ela estava totalmente reformada. Isso era bom, mas era ruim para nós. Eu não conhecia mais nada aqui. A sinalização e as ruas tinham mudado. Mas que porra.

ㅡ Taehyung, lembra onde é a casa da sua avó? ㅡ Hyosun me perguntou, com o celular em uma das mãos e o sobretudo marrom apoiado no outro braço que tinha a mão com um café quente e espuma.

ㅡ Ahn... ㅡ olho em volta tentando reconhecer alguma rua.

ㅡ Tae, não prefere que olhemos o GPS? ㅡ Max sugere.

ㅡ N-não precisa. ㅡ Droga ㅡ Eu sei onde as coisas ficam aqui. ㅡ minto.

ㅡ Ok... ㅡ ele se afasta de mim, guardando o celular.

Eu ia lembrar. Não quero parecer um burro fracassado. Caralho, como essa cidade pôde ter mudado tanto em apenas um ano e meio?

Senti esbarrarem em mim e me virei para olhar quem era.

ㅡ Tem certeza que não precisa de ajuda? Qualquer coisa pedimos informação. ㅡ Namjoon sussurrou pra mim, de modo que só eu e ele ouvíssemos.

ㅡ Valeu, Nam. Mas eu me viro. Juro. ㅡ ele assentiu e voltou para onde estava: o lado de Hyosun.

Tenho notado um certo interesse dele em Hyosun. Eu não o julgo. Ela era muito bonita e legal. Caramba, ela é foda. Ela se vestia muito bem, tinha um corpo bonito e era doce, ao mesmo tempo que engraçada e responsável. Mas sinto um pouco de dó do Nam porque ela já está em um possível relacionamento e é lésbica.

Quando chegarmos na casa da minha avó, eu conto pra ele.

ㅡ Que tal irmos à um lugar para almoçar primeiro? Eu tô varado de fome. ㅡ Jin afirmou, indo em direção ao restaurante mais próximo, o de macarrão com frutos do mar.

Para a minha tremenda sorte, estávamos indo para o "Go, Cara de Lula". Era o restaurante do casal Tuan. Seu filho mais velho, Mark Tuan, e sua melhor amiga, Lalisa Manoban, eram tailandeses. Chegaram dois anos antes de eu me mudar para Seul. Ficaria aliviado se eu encontrasse eles lá quando adentrar o local.

Eu poderia pedi-los para nos guiar até a casa da minha avó, afinal, nesses dois anos que eu conheci eles, ㅡ e viramos muito amigos, inclusive. Eles eram meus melhores amigos dessa cidade ㅡ eles sempre iam à fazenda dos meus avós e eu vinha frequentemente para a cidade de ônibus. Conheci eles na escola. Eles eram estrangeiros e todos queriam fazer amizade com o garoto baixinho e a garotinha nariguda. ㅡ é um jeito carinhoso de eu chamar eles, ok? ㅡ Inclusive, eu era uma dessas pessoas, mas eu fui o único que realmente permaneceu com o contato deles.

4 chances - Kth & Jjk fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora