Cry little sister...
Ela abriu os olhos. Estava em uma roda-gigante. Olhou para frente e viu o mar. Olhou para baixo e viu o parque. Era um parque de diversões sob um píer. A roda parou. Ela desceu. Reparou que todas as pessoas tinham um sorriso extravagante estampado na face. Aquilo não era reconfortante, era macabro. Deu voltas pelo parque, perambulando de um lado para outro. Era o único que não tinha aquele sorriso medonho no rosto. Sentou-se no canto mais sossegado que achou. Notou que todas as pessoas estavam vestidas como nos anos 80, mas gostou dos contrastes de estilos.
Afinal de contas estava morta ou não? Aliás quantas vezes já morrera? Olhou para a outra ponta do píer e viu uma garotinha de cabelo laranja. Não estava sorrindo como os outros. Levantou-se e foi até ela. A garotinha se levantou rápido, subiu na cerca do píer e se lançou ao mar. Ele correu para beirada, mas ela já havia afundado. Se é que tinha se jogado, a água não estava balançando nem mesmo ouvira o barulho do corpo batendo na água. Sentou-se no cercado. Reparou que os sorrisos macabros haviam sumido das faces das pessoas. Haviam sido substituídos. Os homens apresentavam uma expressão fechada e as mulheres choravam em silencio. Olhou para trás, para o mar, nada da garotinha. O que aquilo significava?
Ela havia morrido ao cair daquela escada? Quem ela era? O que ela era? Ela era ela? Ou ela era ele? Seria ele, ela? Estava mesmo vivo antes de cair daquela escada? Ou estaria vivo agora? Ou estava morta? O que é a vida? O que é a morte? Abriu os braços e jogou-se para trás, para fora do píer, mas antes de seu corpo chocar-se contra a água, viu a garotinha de cabelo laranja em pé, onde estava sentada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Deixe o Silêncio Entrar.
Short StoryPor onde anda sua razão? E seu questionamento? Sua paixão? Conceda-me essa dança em um universo introspectivo e inconstante de uma mente barulhenta em uma noite solitária com a musa dos poetas, nossa Fada Verde. Perca-se comigo nas páginas desse sin...