Vida, capítulo 1, versículo vinte-século.

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Andarás por onde quiseres, pois tu, gafanhoto, és livre.

De um lado para o outro os dedos dele corriam pelo piano. Horas ali. Bem, ele era ela. Ela era Dakota. Ela tinha (?) anos de idade. Ela gostava de música, ela gostava das artes, ela gostava... ela dançava blues, nua no banheiro. E ela gostava da lua e do sol. Ele levantou-se, caminhou e parou frente à janela. Chovia. O café esfriava. Ela observava a chuva. Ouviu um tinir de espadas, não, espere, isso estava apenas em sua mente. Ela cantarolava os erros que cometera. Ele se virou e caminhou até o piano. Bebeu o café. Ouviu o gato... sim, o gato era real. Estalou os dedos com ritmo. Aquele apartamento era um quadrado perfeito. Era? Cumprimentou a fada verde que estava sentada em cima do mapa da galáxia. A fada não era real. O mapa era. Sentou-se na janela, balançando os pés para o lado de fora. Era segundo ou terceiro andar. Pulou e aterrissou em pé. Não, não pulou. Mas queria ter pulado. Queria ter acertado uma vez na vida. Imaginou dragões. A campainha tocou. Abriu a porta. Dava para uma floresta. Um coelho de no mínimo um metro e meio pulou para longe. Ele o seguiu. Caiu da escada do prédio.  

Não Deixe o Silêncio Entrar.Onde histórias criam vida. Descubra agora