Capítulo 3

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Macarena

O choque que tive foi tão grande que meus olhos se arregalaram levemente, no mesmo instante bati a porta com força encostando-me nela e respirando com dificuldade. Mas de que maneira ele havia conseguido meu endereço e que droga ele estava fazendo aqui? Passou-se cerca de um minuto até que Pedro falasse.

— Macarena?! – Pedro chamou meio que em dúvida e eu continuei sem mexer um músculo sequer. Mais alguns segundos se passaram em silêncio. – Macarena são portas francesas, não estou muito certo de que você compreende isso nesse momento, mas eu posso te ver nitidamente sabe?!

Neste momento o senso de ridículo tomou conta de mim, mas o que eu estava pensando? Me esconder através das portas de vidro? Respirei fundo, me virei e abri a porta novamente.

— O que você quer aqui? – Fui direto ao ponto e ele sorriu meio sem jeito.

— Bom dia! Espero não ter te acordado. – ele tentou ser simpático.

— O que quer aqui? – Repeti sem me alterar.

— Eu... Bem... Uma das moças do bar me disse que você morava por aqui, nesta mesma rua e quando vi a cerca cor de rosa e o jardim com as lindas flores Beijinhos coloridas formando um caminho para o gazebo coberto de flores Primavera eu tive certeza de que esta era a sua casa, igualzinha a que você sonhava em ter quando era menina. – Ele disse e sorriu novamente.

— E daí? - Eu já estava perdendo a paciência que eu não tinha.

— Então eu pensei que... – Ele tentava formular as palavras corretas.

— Pensou que poderia vir e bater em minha porta. – Acrescentei por ele, mas sem a mesma simpatia que ele tentava me dirigir.

— Sim, bem... Eu... – Ele não sabia ao certo o que dizer.

— Pensou errado, vá embora e não volte nunca mais! – Eu adverti.

Tentei fechar a porta mas ele a segurou.

— Macarena espere! – Ele pediu.

Eu empurrei a porta novamente, desta vez prendendo seus dedos na porta. Ele urrou de dor e eu abri um pouco a porta para que ele retirasse a mão e em seguida a fechei de volta cobrindo minha boca com meus dedos e sentindo o sangue me subir esquentando minhas orelhas. Era cômico ver um homem de 1,90m de altura vestindo um terno caro, segurando seus próprios dedos, vermelho, praguejando em reação à dor. Fiquei na dúvida se abria a porta para ajudá-lo ou se só assistia. Optei por ajudá-lo, abri a porta e saí para o quintal soltando um ruidoso suspiro, então ele parou e olhou para mim.

— Eu mereço isso, eu sei. – ele disse.

— Sim, merece, mas ainda sim não foi minha intenção machucá-lo embora não posso negar que foi satisfatório vê-lo assim. – Eu falei com um sorrisinho no rosto e ele também sorriu, mas diferentemente de mim seu sorriso foi aberto.

— Já é alguma coisa.

— Entre, vou pegar gelo para você. – Eu o convidei e em seguida parei à porta, de costas para ele, o corpo tenso ao lembrar-me da foto de meus filhos em minha geladeira. Ele somente aguardou logo atrás de mim. – Espere aqui um segundo.

— Tudo bem! – Ele concordou.

Entrei rápido retirando a foto e também os desenhos, guardando-os dentro de uma das gavetas do armário.

— Entre e sente-se! – Falei e ele me olhava divertido, mas obedeceu.

— Teme por seus filhos Macarena? Acha mesmo que eu poderia fazer qualquer coisa contra eles? - Ele falou com humor na voz, eu estava de costa para ele pegando o gelo no freezer e colocando em um pano que estava em cima do balcão.

Arrependimentos do Passado - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora