Capítulo 5

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Pedro

A aeronave pousou com suavidade na pista de pouso, eu estava de volta à Alemanha, e por mais que eu não admitisse nem para mim mesmo eu sabia que algo havia mudado desde o momento em que reencontrei Macarena, mas tentei não ficar pensando nisso, eu precisava deixá-la em paz com sua nova vida. Eu devia isso à ela!

Raul me aguardava perto do portão de desembarque, eu o vi antes que ele me visse, eu muito provavelmente, teria problemas para resolver julgando por sua postura e inquietude aparente.

Raul finalmente me viu em meio às muitas pessoas que faziam o mesmo trajeto que eu, veio em minha direção, me dando um abraço de irmão como sempre.

— E aí cara, foi tudo bem com o vôo? - Perguntou ele.

— Tranquilo! - Respondi olhando para ele, alguma coisa deveria estar acontecendo, ele estava muito estranho e inquieto.- E por aqui como as coisas estão?

— Tudo em ordem! - Ele respondeu simplesmente e apontou com o queixo minha mão imobilizada. - E o dedo?

— Vai ficar bom, só é necessário aguardar mais alguns dias. - Eu disse a ele que prendi os dedos em uma porta na obra.

O caminho todo até o imóvel alugado temporariamente para abrigar alguns dos funcionários da grande obra Raul ficou em silêncio, o que era extremamente estranho se tratando do meu amigo. Resolvi deixar isso para lá, como ele disse que estava tudo certo, era melhor deixar assim, provavelmente era um problema particular, e quando ele se sentisse a vontade falaria, se é que precisaria falar.

No dia seguinte Raul parecia que ia explodir, entrou em meu escritório improvisado sem nem mesmo bater na porta.

— Pedro o que eu tenho para te falar é muito sério. - Ele foi direto e eu levantei os olhos do projeto que eu tentava finalizar.

— Tudo bem, estou te ouvindo Raul, sente-se, você tem minha total atenção! - Respondi.

— Cara... - Ele pareceu desconcertado, sem saber quais palavras usar.

— Vá direto ao ponto, será mais fácil! - Eu o incentivei.

— Macarena! - Ele disse em um sussurro e eu pensei que meus ouvidos tinham me enganado.

— Não te ouvi Raul!

— Macarena! - Dessa vez ele falou com mais firmeza. - Você sabia que a maluca, dona do bar é a Macarena do colégio? Você com certeza se lembra...

— Claro que eu me lembro Raul! E sei que ela é a dona do bar. - Eu o interrompi com mais dureza do que eu pretendia.

Meu amigo estava apreensivo e batia os pés no chão como se fosse um tique nervoso.

— Não acredito que você voltou naquele bar! Eu te pedi encarecidamente para não voltar mais lá, há outros bares na cidade. - Eu disse bem chateado com ele, por não me escutar.

— Eu sei! Eu sei! Eu não fui lá.

— Então? - Incentivei, queria que ele falasse logo, estava perdendo a paciência já.

— Eu a vi na rua dois dias atrás, e o que eu vi... olha eu a segui, este é o endereço - Ele me estendeu um pedaço de papel.

— Você seguiu a mulher? Ficou maluco, só pode ser isso! - Eu disse indignado.

— Pedro você não está entendendo, você não viu o que eu vi. Você realmente precisa conversar com ela, pegue o endereço e vá agora mesmo até lá. - Ele parecia desesperado, em estado de alerta.

Arrependimentos do Passado - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora