Canção vinte (dois)

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Mais um dia se passou,

Logo a noite chegou,

Com ela: meus devaneios.

Vejo todos os meus anseios.


Sem saber aonde ir,

Em que lugar me encontrar,

Estou perdido dentro de mim

E não consigo me achar.


Vejo tantos rostos conhecidos,

Personagens por mim vividos,

Para não ter que explicar

Tantas perguntas a me atormentar.


Cada dia uma nova pessoa.

A cada amanhecer um novo sorriso.

Assim, tento levar numa boa,

Como se nada tivesse acontecido.


Mas, é impossível não lembrar

Quando a noite vem perdurar,

Sobre a janela do meu quarto

E em segundos eu desabo.


De repente não sei o que sinto,

Não consigo me entender.

São tantas vidas que eu vivo

Que não sei quem devo ser.


Quem era eu antes de tudo?

Quem sou eu agora?

Sou um labirinto maluco,

Onde me desencontro toda hora.


Lá atrás eu conseguia explicar

O meu ser com um só olhar,

Mas, parece que esse dom eu perdi.

Hoje nem sei por que estou aqui.


Gostaria que alguém me reinventasse

Em dois segundos me recriasse

Para eu não ter que lidar com lembranças

E todas as minhas inseguranças.


Não gosto do que sou,

Se é que sou algo.

Mas o que passou, passou.

Deixarei isso no passado.

- Débora Santos

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