Capítulo 20

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Entre horas e mais horas chorando desenfreadamente, perdendo a esperança de que alguém sentisse pena dela e a soltasse, ela dormiu, dormiu não somente em meio às lágrimas, como também em meio ao desespero, e aquele chão frio fora o testemunho de sua dor.

Ela não teve sonhos, talvez essa habilidade tenha sido excluída de seu cérebro tão pertubado, a pobre garota mal conseguia ter boas noites de sono, quem dirá sonhos.

De alguma forma, quando acordou - mesmo tendo a sensação de que não havia dormido mada - sentiu tecidos macios embaixo de seu corpo e também cobrindo o mesmo, franziu o cenho antes mesmo de abrir os olhos, mas logo em seguida sua confusão foi substituída por susto quando ouviu uma risada nasalada próxima de si.

Damon.

O mesmo sorria para si, um sorriso doce, mas que para ela era tão doentio quanto qualquer outra expressão que ele fizesse. Por mais que o odiasse com toda sua alma, não conseguia entender o por que de nunca tentar algo contra ele, talvez estivesse tão acostumada com seu jeito maníaco de ser que já nem tentava lutar contra sua natureza.

Mas pensar que estava acostumada com aquela situação lhe causava repulsa.

Repulsa de si mesma.

Seus olhos resvistaram o rosto do agora marido, por inteiro, procurando algo que o indicasse algum sinal de frustração, agonia, dor, ou até mesmo alegria excessiva. Deseja profundamente que tivesse alguma expressão que delatasse o que tinha acontecido com Dominic. Tinha medo de perguntar e saber que teria acontecido o pior, ou de perguntar e receber um doloroso e sádico castigo.

- Por quê dormiu no chão? - Ele perguntou, ainda mantendo o sorriso doce no rosto, um sorriso que já estava a assustando.

Ela sentiu seus olhar tremer em puro medo e receio ao não saber o que responder.

- Queria sair, mas ninguém me ouviu então acabei dormindo. - Omitiu alguns detalhes.

- Queria sair? - Repetiu - Alguém lhe prendeu aqui? - perguntou.

Ela apenas assentiu.

- Quem? - Questionou.

- Sua mãe. - Respondeu brevemente.

- E por quê? - Ele franziu a testa, fazia aquilo quando começava a se irritar com algo.

- Ela achou que eu precisava me acalmar. - Mentiu.

- Ela não tinha o direito de lhe trancar aqui. - Disse.

Você já fez coisas piores. - Pensou.

- Não foi nada, querido. - Forçou um sorriso.

- Eu vou conversar com ela. - Disse ameaçando se levantar da cama, impedido pela pequena mão de sua esposa apertando seu pulso.

- Não precisa, vem ficar um pouco comigo. - Disse manhosa passando as mãos por seus braços e ombros, até entrelaçá-las em seu pescoço, quase se pendurando no mesmo.

- O que deu em você? - Ele riu.

- Eu só quero um tempo com meu marido. - Sussurrrou enquanto se erguia na cama para logo em seguida subir no colo do esposo.

Se tinha uma coisa que ela tinha aprendido dentro daquela casa, era que precisava fingir, fingir o tempo todo, desde suas expressões, suas emoções até suas vontades. E no momento, ela não queria nem um pouco fazer o que estava fazendo no momento, mas essa era a melhor forma que havia encontrado para amansar Damon e fazê-lo confiar mais nela.

Todo aquele amor fingido ao qual ela tinha que declarar boa parte do tempo, era o grande causador de suas ânsias de vômito e crises existenciais, e claro, se ela comentasse isso com alguém daquela casa, médicos não faltariam para lhe atender, mas ser diagnosticada com uma provável histeria e acabar seus dias num hospital psiquiátrico não era realmente uma boa opção, por mais que almejasse mais que tudo se livrar daquela família - Com excessão de Dominic-.

Sim,meu senhorOnde histórias criam vida. Descubra agora