Capítulo 26

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No dia seguinte ele pediu para as empregadas acordarem sua esposa e dizerem que ele a aguardava no jardim para o café, suas expectativas estavam altas sobre um possível diálogo durante o desjejum, uma conversa que faria com que se acertassem devido aos últimos fatos ocorridos.

Suas mãos suavam frio, e as passou por seus cabelos para arrumá-los depois que um vento gélido os bagunçou. Não tinha tido o trabalho de se trocar, se mantinha com uma regata branca de alças grossas e calças azuis largas com listras brancas verticais, um típico pijama masculino. A última coisa que ele queria parecer naquele momento era formal, ansiava por descontração entre eles.

Olhou ao redor do jardim o qual era muito incomum de o ver andar por lá. Tinha um gramado bonito, bem cuidado, extenso ao ponto de ocupar boa parte do terreno. Em um ponto estratégico estava a mesa metálica pintada de branco, com seu formato arredondado e contendo sobre ela um café da manhã de certa forma exagerado para duas pessoas. Ao redor da mesa podia ser vistos as encantadoras flores,algumas em meio à arbustos, outras atrás de pequenos cercados,plantadas na terra, e completando o ambiente, tinha as árvores de pequeno e médio porte, um típico jardim inglês, que fazia com que entendesse o porque de Helena idolatrar tanto aquele lugar.

Tentou conter o sorriso quando a viu sair pela porta principal da mansão, descendo os degraus da curta escada em frente a porta, segurando o robe contra seus braços cruzados, se protegendo do vento enquanto caminhava pela grama. Mantinha em seu rosto uma expressão nada feliz, chegava até mesmo a transparecer um pouco de irritação em sua face bonita.

Quando alcançou a mesa, puxou a cadeira, se sentando em seguida. Alinhou sua postura enquanto colocava um guardanapo sobre suas coxas, e ele observou os movimentos graciosos da mulher, sem se importar com a expressão ruim da mesma. Se importando apenas com seu desespero em tentar fazer com que aquele café da manhã fosse perfeito.

Pigarreou atraindo a atenção da mulher, lhe oferecendo um sorriso contido, quase tímido enquanto levava suas mãos até uma das xícaras, a levando até a mulher, posicionando na frente da mesma antes de lhe servir o café no pequeno compartimento de porcelana. Helena desceu seus olhos para o que ele estava fazendo e os subiu novamente em direção ao rosto bonito do homem, o olhando com as sobrancelhas arredondas arqueadas em uma expressão de pura descrença.

Seus olhos se encontraram, e ele sorriu novamente e lhe servia croissants em um pequeno prato feito do mesmo material da xícara. Colocou em frente ao corpo feminino, que olhou para seu café, o qual fazia bolhas miúdas que estouravam em questões de segundos, e observar aquilo parecia muito mais interessante e divertido do que ficar sentada olhando para Damon.

- Acho que eu poderia me servir. - Disse em um tom cínico.

- Acho que posso servir minha mulher. - Respondeu, sem nenhum tom grosseiro, mantendo sua paciência.

Novamente ela levantou seu olhar, com sua sobrancelha arqueada, e em seguida o abaixou, pegando a xícara em mãos e de novo observando as bolhas que o café formava.

O silêncio voltou ao redor do casal, assombrando a figura masculina e acalmando a mulher. Ele suspirou cansado enquanto se servia, e procurava em sua mente formas de manter um bom diálogo entre eles.

Levou sua xícara até a boca, bebericando o café quente, sem se incomodar com a queimação em sua lingua.

- Sinto muito por ontem, eu me descontrolei. - Pediu, encarando a mulher, quase implorando para que os olhos dela encontrassem os seus.

Ela se manteve quieta, sem tocar em sua comida, bebericando seu café as vezes, ora apenas olhando para o mesmo, mas nunca olhando diretamente para o marido.

Sentiu a aura de desespero dele ao não obter respostas e nem se quer olhares, quis rir debochadamente dele, de como ele a machucava e depois procurava e implorava as migalhas dela.

Ele mendigava qualquer sentimento dela.

Se assustou quando ouviu e viu as mãos do homem baterem contra a mesa metálica com força, num ato de fúria para logo em seguida passar os dedos entre seus cabelos. O encarou, analisando seus movimentos e vendo se era necessário temer. Não queria desperdiçar nenhum sentimento com ele. Já era extremamente desgastante dividirem o mesmo ambiente.

- O que você quer que eu faça, Helena? - Perguntou quase desesperado, e ela se assustou quando viu os olhos marejados dele.

Mas não sentiu pena.

- O que você acha que eu preciso? - Retrucou.

Ele novamente enfiou os dedos entre os próprios cabelos, abaixando parcialmente sua cabeça. Observou tudo mantendo sua postura ereta e o olhar tão gélido quanto o vento daquela manhã.

- Eu quero te ver bem... - Ele sussurrou com a voz embargada, ainda com sua cabeça baixa.

Helena soltou um riso nasal.

- Você quer que eu esteja bem com você, não que eu esteja bem. - Disse se curvando sobre a mesa, para que ficasse mais próxima do rosto dele, o qual ainda não podia ver. - Você é egoísta Damon. Não vai ser um café da manhã e palavras bonitas que vão mudar o que eu penso de você.

- Helena... - O ouviu soluçar.

Em resposta ela tirou o guardanapo de seu colo e jogou em cima dele com fúria.

- Não espere que com essas lágrimas eu te perdoe. - Murmurou se levantando de sua cadeira. - Até porque, você nunca se importou com as minhas.





Sim,meu senhorOnde histórias criam vida. Descubra agora