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Francisca.

Retiro o meu porta-moedas da carteira e quando o encontro, dou o dinheiro em dívida á senhora que se encontrava atrás do balcão.Pego na caixa que continha alguns bolos e agradeço, despedindo-me dela e indo até á saída da pastelaria.

- Meu Deus. - sussurro ao ver pelo vídro a chuva cair intensamente e lembro-me que tinha ignorado pela milésima vez o aviso de mau-tempo que a comunicação social de Manchester fizera no dia anterior.

Como não me lembrara de trazer algum guarda-chuva, permaneço dentro do estabelecimento com esperança que aquela chuva parasse um bocadinho, coisa que difícilmente iria acontecer.

Morava em Manchester desde 2017, ano em que fui aceite na universidade no curso que sempre sonhei, Design de Moda. Sempre tive o sonho de estudar fora de Portugal e, desde o dia que comecei a minha aventura aqui, estou cada vez mais apaixonada por esta cidade.

Sinto o meu telemóvel vibrar no bolso das calças e reviro os olhos ao ver o nome Tecas no visor, a minha melhor amiga há 17 anos e minha parceira de quarto há 2 que decidira, tal como eu, embarcar nesta aventura.

Ligação on

- Se me ligas mais uma vez juro que devolvo os bolos. - digo irritada após atender a 4° chamada da estudante.

- Eu só ligo porque estás a demorar imenso tempo e estou a morrer de fome. - choraminga e reviro os olhos preparando-me mentalmente para sair da pastelaria.

- Só estou a demorar porque está a chover imenso. Desculpa se prefiro proteger a minha saúde e não a tua fome. - respondo ironicamente e fecho o casaco. - A tua sorte é que odeio andar aqui sozinha á noite e já está a começar a escurecer. - bufo e escuto uma gargalhada da morena.

- Vem rápido, amo-te muito. - mandou um beijo pelo telefone e retiro o dispositivo da minha orelha para poder desligar a chamada.

- Não te esqueças de nós. - ouço Rita e Marta berrar antes de pôr fim á ligação.

Ligação off

Conhecia Rita desde o 10° ano quando a mais velha, após ter repetido o ano na expectativa de poder melhorar a nota, ingressou na minha turma quando eu entrara no 10° ano.

Marta, a minha lampiã e lisboeta favorita,
decidiu tal como nós, embarcar nesta aventura.
A ruiva, para nossa sorte, tinha calhado no mesmo quarto que Rita e desde aí, nunca mais nos largamos, tentando amenizar as saudades que sentíamos de casa.

Coloco o carapuço e começo uma corrida pelas ruas de Manchester que, a esta hora a hora, já se encontravam cheias.Sinto o meu corpo embater noutro e involuntariamente, caio juntamente no chão com os lanches que tão bem tentei guardar.

- Sorry. - o rapaz provavelmente inglês desculpa-se e tento não chorar pelos meus bolos e pela dor que sentia no joelho.

- A merda destes ingleses que não sabem andar na rua. - reclamo e para minha supresa escuto uma gargalhada levantando a cabeça.

Diogo Dalot. Era ele.

- Desculpa. Iamos ambos distraídos e quando te tentei agarrar não consegui. - pede desta vez na nossa língua materna ajudando-me a levantar em seguida.

- Não tem mal. - garanto ao moreno tentando apoiar o meu peso num só joelho pois não conseguia sequer mexer o outro.

- Queres ir até ao meu carro ? O teu joelho está um bocado esmurrado. - avisou me e
segurou-me para que me pudesse apoiar mais facilmente.

- Eu não quero incomodar, Diogo. Eu só preciso mesmo de ir para casa e desinfetar isto. Obrigada na mesma. - agradeci ao internacional português que não pareceu ficar muito convencido com a minha desculpa.

- Vá lá, a culpa também foi minha e não te vou deixar ir neste estado a pé para casa.
Ao menos deixa-me levar-te. - pediu e acabei por ceder. - Presumo que já não querias levar aquilo. - apontou para a caixa com os bolos desfeitos e gargalhei negando após ver o estado em que se encontravam.

Com a ajuda do moreno, caminhamos até ao seu carro que não se encontravam muito longe.
Podia sentir as minhas bochechas corarem quando, devido á dor intensa que sentia no joelho, apertava fortemente o braço do jogador do United que ria cada vez que o fazia.

Como a chuva ainda não havia parado, apresso-me a entrar no lugar do carro nada básico do português que corre em direção ao seu.

- Tens a certeza que não queres que te leve á clínica do United ? Parece-me que o teu joelho está a inchar um pouco. - disse tentando ver o meu joelho através do pequeno rasgo das minhas calças.

- Por mais que adorasse ser tratada pelos médicos do Rashford, vou ter que recusar.
Isto provavelmente só precisa de gelo e de algumas horas de repouso. - profiro e o jogador ri ajeitando-se no banco do carro.

- Ok ok, ganhaste. - deu se por derrotado e ri retirando o meu casaco molhado que me dava algum frio. - Só acho injusto o facto de saberes o meu nome e eu não ter esse direito.

- Injusto ? Eu só sei o teu nome porque  já andaste a chutar bolas no melhor estádio do mundo. - encolhi os ombros e Diogo lançou um sorriso viciante.

"Foco, Francisca." 
O meu subconsciente gritou.

- És engraçada , és gira , és portista ... há mais alguma bonita qualidade que deva saber? - perguntou e não evitei rir com a tentava de engate do jogador.

- Chamo-me Francisca, Kika, venho do Porto e estudo Design de Moda na Universidade de Manchester. - fiz uma breve apresentação a pedido do moreno.

- Gosto do teu nome. - informou a sorrir e não evitei fazer o mesmo.

- Puto, era o mínimo não ? Depois de me teres atirado ao chão, teres destruído o meu joelho e o meu lanche mau era se não gostasse do meu nome. - brinquei roubando mais uma vez uma gargalhada ao rapaz. - Acho que é melhor ir embora, elas devem estar preocupadas. - avisei pois não tardara iria receber outra chamada a perguntar onde andava eu e o lanche delas.

- Eu levo-te. E não aceito um não como resposta. - ajeitou-se no banco do carro piscando em seguida e sorri.

E foi ali, naquela que agora era a nossa cidade, que a vida fez o favor de nos juntar.

••••••

Olá,Olá! Finalmente trago o primeiro capítulo da história do nosso Diogo e da nossa Kika.

Desculpem a linguagem menos apropriada num fala da Kika mas foi a palavra mais "adequada" que encontrei para descrever aquela situação. 😅

Espero que estejam a gostar mesmo ainda estando no início.
Até ao próximo. ❤️

VIDA | DIOGO DALOT Onde histórias criam vida. Descubra agora