1° Carta

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       Posso vê-lo agora. Tenho a noção de que me entende e que eu o entendo, mas que, ainda assim, somos dois planetas orbitando em galáxias distintas. Tu tem àquele olhar que queima-me por dentro, rasgando-me ao meio e levando a mim está urgência noé estômago.

       Passei tempo demais procurando você, tentando achá-lo em todas as esquinas dessa cidade, onde as noites são quentes e intensas, e os bares são agitados.

        Ainda lembro de ti. Teus olhos castanhos, a curva sacana dos teus lábios e o jeito displicente.

        Eu sei o teu nome e sei onde mora. Sei os teus gostos e sei que adora àquela música que fala de amor.

         Mas também sei que eu não sou teu amor.

         Por isso, estou deixando-o ir. Estou afastando-o da minha mente, sem dar espaço para que eu tente agarrá-lo aqui dentro do meu coração e não queira soltá-lo mais. Nunca mais.

        E quando for, sei que poderei me sentir inteira novamente. Não era amor. Era só uma ansiedade louca demais, e que paralisava-me por dias a fio, enquanto eu viciava-me cada vez mais em propagar a minha própria miséria.

          Vá.

           Eu vou ficar bem.

                         Vá

eu escrevi essa merda para vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora