Breaking again

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••Carol Evans••

      Acordei e sentia uma leve dor de cabeça, consequência da noite mal dormida. Peguei meu celular e tinha várias mensagens do pessoal, eles tavam preocupados com meu sumiço repentino, apenas mandei no grupo que eu estava bem e que precisava pensar e fui tomar um banho. Era péssima essa sensação, dois pesadelos juntos vindo ao mesmo tempo na vida real. Vocês não devem estar entendendo nada, então me deixe explicar.
      Ontem a noite, o Now United fez um show maravilhoso, eles estavam perfeitos, a plateia estava animada e tudo ocorreu bem. Mas no final do show eu percebi a presença de duas pessoas que estragaram a minha vida e eu não as via há muito tempo. Uma vocês já devem imaginar quem seja, Laura Sampaio, a grande "amiga" que deseja estragar a minha vida de qualquer forma. A outra é a que me causava mais medo, Bruno Magalhães, meu ex namorado possessivo e totalmente agressivo.
       Pois é, eu já estive em um relacionamento abusivo mas nem sempre era assim. No começo, Bruno era o cara mais galenteador e apaixonante do mundo. Ele conseguia me conquistar a cada dia e eu me apaixonei por ele como um todo, então começamos a namorar. Depois de uns meses tivemos a nossa primeira briga séria, por ciúmes bobo vindo da parte do menino, a discussão foi feia e acabou comigo tendo grandes hematomas nos braços pela força que ele usava para me segurar. No dia seguinte, Magalhães se mostrou totalmente arrependido, eu como toda tola apaixonada deixei isso passar, escondia os hematomas com roupas ou maquiagem se necessário e continuamos nosso relacionamento. Só o amor é cego, eu não via que era tratada de forma completamente errada. Fui obrigada a usar outras roupas porque as minhas chamavam muita atenção; só poderia agir da forma que ele esperava, somente obedecendo suas ordens; não podia conversar com nenhum menino sem que ele estivesse por perto; não podia sair de casa sem ele saber para onde eu estava indo, com quem e que horas eu voltava. O pior é que se eu tentasse mentir ou não o obedecesse, eu apanhava feio. Nunca tive a coragem de contar para ninguém, porque pensa seria as palavras de uma simples garota contra a do menino mais popular da escola. Nunca iam acreditar em mim.
       Tudo isso acabou quando, em uma noite de sexta meu pai voltou mais cedo do trabalho sem aviso prévio, e quando chegou em casa viu o garoto elevando a voz e me agarrando com força. Nunca vi meu pai tão puto na vida. Ele pegou Bruno pela gola da camisa e o prensou na parte ameaçando a atacar a sua família se ele encostasse um dedo em mim de novo. O garoto saiu da minha casa correndo e não voltou nunca mais para minha vida. Os traumas que ficaram em mim foram desaparecendo aos poucos mas teve um que nunca foi embora.
     O medo de amar.
     Quando eu estava com o Noah, me sentia segura e capaz de amar novamente. Eu esquecia completamente desse momento péssimo da minha história e conseguiria seguir minha vida. Mas ontem, vendo Bruno tão perto esse medo votou.
      Foi ai que eu percebi que Urrea não era Magalhães. Eu amava o Noah e não podia perder ele.
      Sai do banho e me arrumei rapidamente, eu precisava desabafar tudo isso com o americano. Não estava mais aguentando esses pensamentos martelando em minha mente sem os colocar para fora. Precisava saber o que ele sentia e ver se ele estava disposto a me proteger caso algo acontecesse.
      Fui em direção ao quarto que o americano dividia com o canadense. Seria até melhor desabafar com os dois ao mesmo tempo. Respirei fundo e me aproximei da porta só parando quando escutei meu nome ser pronunciado.
      - Mas e você e a Carol? - Josh perguntou - Rolou alguma coisa mesmo?
      - Ah aquele beijo lá foi só pelo jogo... - Noah respondeu.
      Como se eu fosse uma máquina e o sistema de segurança fosse acionado, eu não escutei mais nada. Lágrimas escorriam pelo meu rosto e eu voltei correndo para meu quarto. Eu era apenas um jogo. Eu era apenas mais uma como sempre fui.
      Meu coração estava todo em pedaços e eu me proibi de ficar pensando sobre isso. Fechei minhas malas e me preparei para pegarmos o voo pro Rio. Desci antes do esperado e fiquei no hall do hotel esperando os resto que foi aparecendo aos poucos.
     - Wow Evans foi a primeira a chegar? - Krystian brinca comigo e eu só consigo soltar uma breve risada.
      Ele foi o último aparecer acompanhado de Josh. Sorriu pra mim e veio em minha direção. Senti meu choro entalado na minha garganta.
      - Ei ta tudo bem? Você sumiu ontem e não me respondeu - ele tenta segurar minha mão mas eu me afasto.
      - Tá tudo perfeitamente bem - respondo sem o olhar.
      - Hm... vai sentar comigo hoje? - a perfunta saiu com um fio de esperança.
      - Não, vou com a Yonta.
      Sai sem dar mais uma explicação. Eu sentia meu sangue fervendo de ódio pela minha própria pessoa por acreditar que em algum dia alguem fosse capaz de me amar. Eu sempre serei a garota quebrada, de mil defeitos e que deve ficar sozinha. Eu não tinha escolha a não ser aceitar esse fato.

notas: passando aqui para dar um avisinho sobre a agressão contra a mulher e o relacionamento abusivo. Se você passa, já passou ou sabe que alguém está passando. Não se cale. Juntas somos mais forte e temos que nos apoiar. Nada disso é culpa da vítima, o doente é o agressor. Se quiserem conversar, me disponibilizo e ajudar como eu puder. Não se calem, denunciem

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