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Este é um conto leve para quem está sofrendo com Guilhermina e Marco de De repente dois hahaha <3 Espero que gostem do primeiro capítulo!


Eu preciso casar, meu Deus! Permita que eu não seja uma solteirona virgem para sempre. Amém!

Fecho bem os olhos em uma prece silenciosa e clichê. Deus deve me odiar muito mesmo. Brincadeira, Deus! Sei que o Senhor me ama e está preparando um homem magnífico para mim, mas será que tem como acelerar o processo um pouquinho mais? Não por mim, claro! Se dependesse de mim, eu esperaria mais um pouco... O Senhor sabe como sou paciente, mas não puxei essa dádiva da minha família, infelizmente. Minha querida mãe que o diga.

Aperto bem os olhos, sentindo os joelhos doendo devido à oração suplicante que estou fazendo a mais de meia hora no chão gelado da igreja que frequento. Levanto os olhos para a imagem de Cristo à minha frente e faço o sinal da cruz, agradecendo pelas minhas conquistas mais uma vez, porque não sou uma pessoa ingrata e muito menos mal-agradecida.

Levanto meu corpo e passo os olhos rapidamente pela igreja, vendo a fila do confessionário diminuindo. Após terminar meu exame de consciência, minhas preces desesperadas e meu momento de contrição, ando até a fila para me confessar.

Rezo silenciosamente, ainda de olhos fechados, enquanto o véu protege minha cabeça. Não deixo que nada me distraía antes do momento em que tenho que dizer o quanto sou uma pecadora descarada e sem-vergonha.

Mas já ouviram falar que a gente é tentado todo o tempo? Na igreja não é diferente. Pois é, menina. Está vendo como a vida é difícil? Comigo não é diferente. Quando estou pensando no pecado da segunda-feira passada, em que desejei que a Antonieta da xerox se engasgasse com o próprio veneno, sinto um esbarrão que me distrai.

— Me desculpa... — uma voz rouca e grossa diz, fazendo-me arrepiar e esquentar onde não deve.

O que o Lúcifer faz andando livremente na igreja, em plena luz do dia? Só atentando moças puras e castas como eu, provavelmente.

Deus meu, tira essa tentação de perto de mim!

Aperto ainda mais os olhos e começo a rezar um Pai Nosso para apagar a imagem que se forma somente por ouvir a voz da criatura vinda das terras baixas. Sinto um perfume gostoso perto de mim e o rastro vai sumindo, como em um milagre. Solto a respiração que estava prendendo e agradeço por ter vencido a tentação e, quando vejo, já chegou a minha vez de falar com o padre.

Entro no confessionário com uma careta de culpa estampada no rosto para todo mundo ver. Quer dizer, não porque o véu cobre.

— Bom dia, padre. Sua benção?

— Deus te abençoe, minha filha.

— Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo — digo enquanto faço o sinal da cruz devagar e com concentração, esquecendo-me qualquer coisa que me impeça de fazer uma boa confissão.

— O Senhor esteja no teu coração para que confesses os teus pecados com espírito arrependido — ele fala com calma e com a voz boa de se ouvir, igual a do Sid Moreira, enquanto a vergonha continua tomando de conta de mim quando o arrependimento bate.

— Já se passaram dois meses desde a minha última confissão, padre. Os meus pecados são vergonhosos — falo, abaixando a cabeça mesmo que ele não me veja direito. Amém véu que protege minha cara normalmente pálida, que com certeza agora está vermelha que nem um pimentão. — Na última sexta-feira, eu quase pequei contra a minha castidade em nome do desespero. Eu estou com vinte e três anos, padre. Sei que é normal que demore a aparecer um bom homem para mim, mas me sinto desesperada. Às vezes, sou tentada pelas pessoas ao meu redor que não entendem e julgam a minha fé e as minhas escolhas. Normalmente não ligo e toco o fo... Desculpa. E ignoro.

Casamento Inesperado: uma mentirinha de Natal [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora