Já sei meu preço (Degustação)

Diana

Saí numa correria desenfreada do escritório onde trabalhava no centro em direção à estação de metrô mais próxima. Não queria chegar atrasada nas instalações da empresa de Lúcia, em Botafogo. Tinha até compensado com a hora de almoço no escritório para poder sair mais cedo do trabalho, sem prejudicar minha carga horária.

Lúcia tinha-me contatado ontem, com urgência, quase me suplicando para fazer um serviço que tinha surgido à última da hora para a noite de hoje. Eu trabalhava ocasionalmente para ela como garçonete. Normalmente só aceitava eventos que ocorriam durante os fins de semana para evitar faltar às aulas da faculdade que frequentava de noite. Eventos diurnos durante a semana não podia mesmo assumir por causa do meu emprego.

Apesar de não gostar de faltar às aulas, não tive coragem de dizer não. Lúcia estava aflita. Tinha um outro evento muito grande onde estariam ocupados todos os outros garçons e garçonetes que trabalhavam para ela. Além disso, o dinheiro extra destes serviços era sempre um complemento bem-vindo.

Nanda, minha amiga do peito, também concordara em ir. Combináramos nos encontrar nas instalações da empresa. Lúcia nos levaria pessoalmente até ao local onde iria decorrer a pequena recepção.

Cheguei praticamente ao mesmo tempo que Nanda. Lúcia já nos esperava.

- Ainda bem que chegaram! – Lúcia respirou de alívio quando nos viu – Vamos, vamos embora. Conversamos pelo caminho.

Tudo já estava arrumado e acomodado no porta malas do Chrysler de Lúcia. Todas as vans da empresa estavam ocupadas com o outro evento.

- Somos só nós duas a fazer o serviço? – Nanda questionou preocupada.

- Não. O Nelson vai lá ter. – Lúcia respondeu enquanto entrávamos no carro. – É uma reunião pequena, informal. Cerca de uma dezena de convidados. Mas o cliente é bem especial e um grande amigo meu. Quero que o serviço decorra com a maior qualidade e requinte. Muito importante para mim, entendem?

- Pode ficar tranquila. – sosseguei Lúcia.

Ela sorriu-me confiante. Sabia que ela gostava de mim e do meu trabalho, do meu jeito de ser. Enquanto dirigia atenta ao trânsito, nos explicou sumariamente o que pretendia do serviço a prestar. Nós ouvimos atentas.

O prédio era lindo e moderno, de arquitetura contemporânea, num condomínio implantado numa área ajardinada deslumbrante. Um exemplo magnífico de paisagismo urbano. Com várias entradas e portarias separadas como se fossem vários prédios juntos num único bloco, imenso.

- A cobertura ocupa a área toda do edifício. – informou Lúcia enquanto se dirigia para uma das entradas de garagens com guarita e segurança privada.

Ergui as sobrancelhas de espanto. O cliente devia ser um milionário, pensei, enquanto o carro descia para uma área de garagem privada, com acesso exclusivo à cobertura por elevador.

Uma senhora já de uma certa idade, com uma fisionomia bonita e um porte elegante, aguardava-nos à porta, quando o elevador chegou à cobertura.

- Boa tarde, sejam bem-vindas. – recebeu-nos com uma voz agradável e um sorriso simpático, acolhedor.

- Boa tarde – cumprimentámos.

Levou-nos de imediato para a cozinha.

Lúcia apresentou-nos.

- Diana e Nanda, minhas colaboradoras. Mais tarde chegará o Nelson, o moço que se vai encarregar das bebidas. David já está em casa? – perguntou olhando em redor como se procurasse pelo dono do apartamento.

- Prazer! Eu sou a Antónia. – a senhora se apresentou, dirigindo-se a mim e a Nanda e depois deu atenção a Lúcia - David ainda não chegou. Ele pediu que o coquetel seja servido no terraço em frente à sala, junto da piscina. O espaço já está todo preparado. Além da mesa de jantar do exterior, providenciei umas mesinhas de apoio junto dos sofás onde também podem colocar as bandejas com a comida e as bebidas.