David

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Os carros Uber não paravam de chegar, com mais garotas de programa de luxo. Bonitas, corpos esculturais. Alegres e divertidas. Jovens. Muito jovens. Tinha dúvidas se algumas não seriam menores de idade. Ao primeiro olhar nem pareciam prostitutas. Mas a minha experiência não me deixava enganar. Por muito discretas e elegantemente vestidas, com roupas e acessórios de grife, estavam ali com um único propósito. Distrair e dar prazer aos convidados do velho anfitrião, Beraldo Dimas, em troca de uma boa maquia de dinheiro.

As festas ultra privadas do velho banqueiro eram sempre assim. Os convidados eram exclusivamente masculinos e as garotas exclusivamente de programa. Beraldo costumava contratar uma média de duas a três garotas por convidado. Gostava de ser um anfitrião generoso e magnânimo. Numa única festa, só em mulheres, chegava a gastar o equivalente ao rendimento médio anual de muitas das famílias brasileiras.

Os convidados eram homens de diversas idades. Empresários dos mais variados ramos, homens do mundo da alta finança, altos executivos de empresas multinacionais, celebridades do campo artístico ou esportivo. Solteiros e casados. Todos com algo em comum. O prazer descomunal pelo sexo e por uma boa diversão. Todos amantes da farra e da libertinagem. Eram poucos os que não terminavam enrolados com uma ou mais garotas.

As garotas raramente passavam dos vinte e cinco anos. A maioria delas gostava do que fazia. Ainda que ambiciosas, não eram movidas apenas pelo dinheiro. Também adoravam sexo descomprometido e, sobretudo, amavam o luxo e o glamour que esta vida lhes proporcionava, já para não falar das oportunidades que por vezes surgiam no meio de tantos homens influentes e com poder.

Chegavam discretas e elegantemente vestidas, parecendo mulheres da alta sociedade mas depressa se despiam de roupas e de status e assumiam o seu verdadeiro papel. Algumas já circulavam desnudadas e despudoradas por entre os convidados no salão e no jardim, perto da piscina. Apenas de saltos altos e algum outro acessório ou tatuagem nos corpos jovens. Sedutoras, exibindo orgulhosas e com vaidade seus corpos. Competindo entre elas pela atenção dos convidados. Se esmerando em agradar e satisfazer, na esperança de ganharem ainda algum dinheiro extra, dado por algum convidado mais satisfeito e generoso, para somar ao cachê garantido pelo anfitrião.

Reconheci dois jogadores de futebol famosos. Sem grandes assuntos ou interesses em comum com a maioria dos outros convidados, não perderam muito tempo em socializar com ninguém. Os dois já se divertiam e aproveitavam a noite com meia dúzia de garotas em seu redor, dando um autêntico show de bola num gramado diferente do habitual.

Confortavelmente esparramados em sofás de jardim, cada um deles já se refastelava com um par de garotas devidamente ajoelhadas entre as suas pernas, se revezando em pagar boquete e mamar de boca cheia, com perícia e talento. As outras, de pé ou inclinadas, ofereciam os seios e a bunda à gula das bocas e mãos ávidas dos craques.

Todas elas parecendo felizes e encantadas por ali estarem, sendo o alvo da atenção de gente tão célebre e ilustre. Algumas delas provavelmente sonhando alto em conquistar o coração de um dos craques ou, pelo menos, em garantir um flerte passageiro que as catapultasse para a fama e inflacionasse o seu valor de mercado.

A noite prometia.

Procurei por rostos amigos entre os convidados. Conhecidos eram todos. Frequentávamos todos os mesmos círculos, os mesmos ambientes e eventos. Mesmo os que nunca conhecera pessoalmente eram rostos conhecidos, públicos. Mas não vi nenhum rosto amigo.

Também não tinha muitos amigos. Essa era a verdade. Nunca fui de fazer grandes amizades. Sempre fui uma pessoa desprendida e raramente sentia uma verdadeira empatia por alguém. Além disso, a minha vida era completamente preenchida pelos negócios da família, aos quais eu me dedicava de corpo e alma, juntamente com meu irmão. Nos tempos livres devotava-me à farra e aos prazeres da vida. Quer o mundo dos negócios quer o mundo da estroinice não eram lá muito propícios ao florescimento de amizades. As poucas que mantinha eram bem antigas, dos tempos da minha juventude e da vida universitária. Essas eram amizades sagradas, daquelas que nos unem para toda a vida.

Já sei meu preço (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora