deixe-me fugir.

Hoje a maré está baixa.

Pedro estufou o peito, colocou as duas mãos para o alto " Eu sou seu super herói Luna, prometo nunca deixar nada acontecer com você, eu e você podemos sair em aventuras que sempre vou salvar você, eu e você podemos viajar o mundo que vou proteger você, você pode ser a minha mulher maravilha e estar comigo para combatermos o mal juntos" Olhei para ele, sorri e então meu aparelho ficou a vista, e gritei " Só se você conseguir correr mais rápido que eu" e comecei a correr, sem olhar para trás, corri na beira do mar pude sentir a água sendo espirrada para todos os lados, até que tropecei em uma concha grande, cai de boca no chão, pus a mão nos meus lábios e ele estava sangrando, lembro que usar aparelho era isso, qualquer batida fazia sangrar muito. " Lu, lu, lu, lu, você ta bem? MEU DEUS você ta sangrando muito, a tua mãe vai ficar muito brava, já ta tarde e daqui a pouco vamos ter a ceia de ano novo" Pedro falava com carinho e a cada palavra dava uma parada para poder respirar, pois tinha gastado todo seu fôlego para me alcançar. " Pelo visto eu sou seu super herói mesmo, vamos pra sua casa e a tia Marcela vai saber o que fazer."

Fomos para minha casa, eu morava em frente ao mar, era sempre dia de estar feliz, não havia tempo para chorar ou ficar triste, o sol era lindo, a água do mar era cristalina, o lugar mais bonito na terra, até os pássaros cantavam mais alto e em bom tom aonde eu morava. Quando mamãe me viu, ela quase teve um surto, gritou e brigou comigo, falou que eu era uma criança muito arteira, e que me comportava muito como menino, que tinha que brincar mais de bonecas e parar de correr na praia ou surfar. Então mamãe limpou meu machucado e voltei na sala com Pedro.

Sentei no sofá coloquei os pés para cima e vi que Pedro estava vendo Pica- Pau "Pica-Pau, boa escolha, eu gosto desse desenho", ele olhou e revirou os olhos " Na verdade verdadeira não foi uma escolha, era o única canal que estava passando desenho e era o único desenho, mas eu gosto desse desenho, então deixei aí mesmo." Mamãe fez pipoca e ficamos ali até dar 8:00 então Pedro foi para a casa dele tomar banho e se trocar e eu fiz o mesmo. Subi as escadas entrei no meu quarto cor de rosa e separei o meu vestido branco com minha sandália branca, e coloquei um colar de fio azul com umas conchas, que Pedro tinha me dado alguns dias antes no natal.

O relógio bateu, era 20:00 em ponto. Era tradição de quem morava em nosso bairro, todos anos novos, nós nos reuníamos na casa de algum vizinho, fazíamos nossa oração, 23:00 começávamos comer a ceia e 0:00 íamos na praia, os adultos ficavam sentados bebendo vinho e os menores ficavam correndo e brincando na beira mar. Eu estava pronta, meu cabelo estava solto apenas com um grampo de estrela do mar, cheguei a sala de jantar e mamãe tinha arrumado tudo muito bonito, as taças, os pratos, ela usou as melhores louças que tínhamos em casa, fiquei esperando Maria, Pedro, Carla e as outras crianças chegarem para podermos fazer alguma coisa.

" LUNAAAAA" alguém gritou, quando virei para ver, era Maria e Carla, as gêmeas, como de costume elas usavam a mesma roupa e penteados iguais. "Oi Carla, ou Ma" estão ansiosas para dar 0:00?" Uma olhou para a outra e então falaram juntas "Ansiosas para a sobremesa que a mamãe fez" Eu até hoje não descobri como aquelas duas irmãs conseguiam falar tudo tão juntas. Olhei para trás para chegar a hora e vi Pedro chegando, ele estava muito bonito, com uma calça branca, uma camisa branca e um tênis da Nike branco e preto, ele correu em minha direção e nos abraçamos, Maria e Carla ficaram meio sem graça, pois as duas irmãs gostavam do Pedro.

Deu a hora da janta e então jantamos, passou a hora e o relógio soou 0:00, como de costume os adultos brindaram, as crianças pularam as sete ondas e então o pai de Pedro bateu com a colher de sobremesa na taça, pedindo um momento da atenção de todos, pois ele queria dar uma notícia, então pronunciou " Queria a agradecer os vizinhos maravilhosos que vocês são, e queria agradecer por todos os momentos, mas hoje queria aproveitar que entramos em 2008, uma vida nova, um ano novo, para dizer a todos que a minha proposta foi aceita e que querem me transferir para Texas, nós Estados Unidos, e vamos nos mudar daqui 2 semanas, eu e minha família." Todos deram os parabéns para ele, e eu fiquei triste, pois Pedro não tinha me contado nada, e subi para o meu quarto e não desci mais.

Depois que fiquei sabendo que Pedro se mudaria, eu pedi para mamãe para mim ir para a casa da vovó, e fui. Não queria ver Pedro e nem falar com nem uma das crianças, eu estava muito brava, pois Pedro era meu melhor amigo e ele não tinha me falado nada a respeito que ia se mudar de país em duas semanas. Chegou o dia de voltar para casa, fiquei 8 dias na casa da vovó, eu já estava com saudades de casa e um pouco de saudades do Pedro e enquanto vovô me levava para casa, cheguei a conlusão que quando chegasse a primeira coisa que faria ia ser na casa do Pedro falar com ele e pedir desculpas.

Vovô me deixou em casa e então fui direto a casa de Pedro, quando cheguei, toquei a campainha e a tia de Pedro atendeu a porta "Oi Luna, sua sumida, Pedro ficou a semana toda procurando você ele queria se despedir, ainda mais quando soube que seu pai tinha que ir antes da data combinada" eu arregalei os olhos e não entendi direito, eu não podia acreditar "Como assim tia Dulce, o Pedro vai ter que ir antes?" Ela pois a mão na minha cabeça me olhou e deu um sorriso simpatico "Oh minha doce Luna, eles foram faz três dias, eu pensei que você sabia". Não respondi, não falei nada, apenas retribui o sorriso e fui correndo para casa.

Depois que descobri que Pedro tinha ido embora sem ao menos me dar um adeus, fiquei muitos dias tristes em meu quarto, mas como uma criança, superei rapido e minha rotina voltou ao normal, mas ele sempre foi o meu melhor amigo e querendo ou não a minha primeira paixão, cada coisa que eu fazia eu lembrava dele, mas não ficava triste, apenas sentia saudades, a ultima vez que o vi foi 31/12/2007 e hoje é dia 12/05/2014, estou falando isso, pois hoje de manhã um moço tocou a campainha, desci para ver, ele era alto, bonito, sorriso bonito, olhos claros, ele era o Pedro.