Vinte e Cinco

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As sensações são o que dão ao ser humano as suas experiências, as suas emoções, a realidade onde se encontra, a sua sensibilidade, o toque de imaginação e de ambição. A maneira de sentir é diferente de pessoa para pessoa. A dor, o sofrimento, a alegria, o amor, o carinho, a compaixão, o tato, o paladar, os sons, os cheiros, a morte, a doença fatal como o cancro, o olhar! Todas estas sensações são motivo de inspiração de perspectivas diferentes, criando sentimentos diferentes em cada pessoa. As sensações estão relacionadas com a forma de resposta a certos estímulos ou experiências. São as sensações que nos tornam únicos, que nos tornam especiais. As sensações fazem de nós quem somos no dia de hoje, no presente, na medida em que nos completam. As sensações permite-nos sentir.

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【22 de Novembro de 2013

『Emma Reed

A paisagem, à nossa frente, era algo de único. O rio reflectia, de forma desfocada e invertida, as montanhas cobertas pela branca neve de inverno e pelas árvores cónicas e perenifólias. As poucas nuvens existentes faziam contraste com o céu azul. O sol batalhava para clarear a zona escondida por detrás da cordilheira, causando um conflito entre a escuridão e a luminosidade. Uma manta branca, provocada pela precipitação de neve nos últimos dias, revestia a água parada, assim como o chão que pisávamos.

"Como descobriste este lugar?" Perguntei ao rapaz que se encontrava ao meu lado. Este era o nosso terceiro encontro, e não podia ter desejado melhor lugar para tal.

"Era um lugar onde costumava vir quando o meu pai... faleceu." O seu tom de voz era sereno, tal como o vento gelado que parecia estalar a minha face.

"Bom, é o lugar perfeito para se pensar." Sorri abertamente para ele. O mesmo retribuiu o gesto, colocando o braço por cima dos meus ombros, puxando-me para si.

"Sim, é." Beijou-me a têmpora, e continuou a falar. "E para namorar também." Os seus olhos brilharam, acompanhando o sorriso. Aconcheguei-me no seu aperto, abraçando o seu tronco coberto por algumas camadas de roupa, da mesma maneira que o meu. A minha face estava pousada - de forma a estar escondida - no seu ombro.

"Não sei se já te disse isto mas," Comecei por falar. "a sensação que tenho quando estou contigo é surreal. Nunca me vi apaixonar por alguém e muito menos que esse alguém fosse tão igual mas ao mesmo tempo tão diferente de mim." Levantei a cabeça, tentando ler a sua expressão fácil. "Não me via a ficar pasmada com o sorriso de alguém. O meu coração nunca bateu tão rápido como quando te vejo ou quando dizes coisas tão bonitas e sinceras que não consigo formar frases à altura das tuas palavras. Não me lembro de alguma vez o teu riso não fosse contagiante ou o teu toque não me desse borboletas na barriga. Todos os dias agradeço por poderes estar presente ao meu lado, comigo, por teres aberto a tua mente e a tua alma para comigo, por confiares em mim." Ainda olhando para mim, encolhi os ombros e voltei à posição anterior, ouvindo os batimentos do seu órgão vital. "Não sei, apenas achei que devias saber."

"Bom, eu também tenho algo para te dizer." O meu queixo foi puxado para cima, encarando os seus olhos castanhos avelã. "Eu tenho a perfeita noção que isto é a frase menos original do mundo e bastante cliché mas," Inspirou e expirou o ar que nos circulava, acabando por se rir. "Quando te conheci, pensei que eras perfeita e então apaixonei-me. Mas agora que vejo que não és perfeita, apaixonei-me ainda mais. E não podia estar mais feliz por ter quebrado as tuas barreiras interiores. Poder estar ao teu lado pode ser bom para ti, mas para mim é um privilégio. Um grande privilégio!" O espaço existente entre nós diminuiu, encostando o seu nariz ao meu, num gesto querido. Antes de me beijar, o seu sorriso matreiro apareceu e piscou-me o olho. "Apenas achei que devias saber."

Evanescente (#1 Evanescente série)Onde histórias criam vida. Descubra agora