O Relampago Vermelho

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Já era quase noite e eles ainda caminhavam naquela planície imensa. Não havia praticamente nada lá, além é claro de alguns pássaros que faziam seus ninhos nas poucas árvores que estavam espalhadas por ali, o céu estava alaranjado pelo pôr do sol, que lentamente se escondia atrás do horizonte.

Em um ritmo contínuo, Urie caminhava na frente, como sempre olhando o horizonte, seus olhos estavam azuis, porém escondia no rosto qualquer expressão que identificasse seus sentimentos. Já Storm , andava calmamente com Yuuki sobre suas costas, ele evitava dar passos muito bruscos para não balançar de mais a garota que estava tão distraída que até o vento a assustaria. Yuuki tinha em suas mãos um pedaço de madeira curvado que havia encontrado, o cantil agora estava amarrado em sua cintura, a bolsa ainda em seu ombro esquerdo e a foice presa meio sem jeito a Storm, por uma corda.

Yuuki olhava com curiosidade aquele graveto curvado que havia encontrado, era firme o suficiente para não quebrar com a tensão.

- Senhor Urie, você tem algum fio resistente em sua bolsa? - perguntou ela.

Urie continuou caminhando, parecia nem estar ouvindo o que ela dizia.

- Alooo! Senhor Urie? - disse ela mais alto.

Ele olhou para ela meio perdido, como se tivesse acabado de voltar de um pensamento distante.

- O que foi criança? - perguntou ele.

- Você está bem? - perguntou de volta ela, curiosa.

- Por que pergunta isso?

- Porque o senhor não costuma olhar pra mim enquanto fala - respondeu ela com inocência.

Os olhos de Urie ficaram roxos e ele sorriu quase que involuntariamente diante daquela resposta.

- Vou te contar uma história criança... - disse ele voltando-se para o horizonte novamente.

Yuuki arregalou os olhos, tamanha era sua atenção que até esquecera do que ia perguntar-lhe antes.

Em um vilarejo isolado próximo a uma grande montanha, havia dois soldados. Eles eram responsáveis por proteger o vilarejo das criaturas que apareciam por ali a noite. Um deles sempre mantinha seu olhar fixado no Horizonte, enquanto o outro olhava tudo ao redor, conseguia perceber cada detalhe, cada acontecimento.

O primeiro, era um soldado experiente, mantinha-se focado em sua tarefa e no futuro do povo do seu vilarejo. O segundo era um aprendiz, que almejava ser tão bom quanto o primeiro, para isso, ele tentava prestar atenção em todos os acontecimentos ao seu redor, nada poderia passar em branco, pois o presente de seu povo dependia dele.

Certo dia, o primeiro soldado ficou doente e teve que ser levado de volta a capital para se tratar, deixando a proteção da cidade nas mãos do aprendiz. Ele estava animado, era sua chance de provar seu valor, provar que era capaz de proteger seu povo.

A noite caiu e ele estava lá, guardando o portão do vilarejo, cada movimento nos arredores era devidamente identificado, nada passava despercebido pelos seus olhos atentos. Já era tarde da noite e nada havia acontecido, nenhuma criatura havia se aproximado, o soldado já estava feliz, pois estava perto de cumprir sua tarefa sem nenhum contratempo. Ele então começou a contemplar a noite, a lua brilhava majestosa em meio ao céu limpo de nuvens, as estrelas a auxiliaram nessa tarefa de iluminar a imensidão, era uma visão maravilhosa. Até que de repente, ele avistou um pouco longe dali um grupo de três goblins se aproximar. Ele prontamente pegou sua lança e se preparou para um possível combate, olhava para eles e novamente para os arredores, nada além daquele grupo de criaturas.

Ele então pensou: "não tem mais nada ao meu redor, eu já olhei por todos os lados. Eu deveria acabar com aqueles goblins antes que eles cheguem aqui. Já que estou em desvantagem numérica, o elemento surpresa é a minha melhor chance!". Ele novamente checou os arredores, nem o vento ousava passar em sua visão, era o momento certo para atacar. Ele silenciosamente se aproximou, se escondendo por trás das árvores e arbustos, com calma. Quando conseguiu um bom posicionamento ele saltou do arbusto onde estava escondido cravando a lança nas costas do goblin maior, retirou a com um chute no mesmo enquanto puxava a lança, o goblin caiu morto no chão. Os outros dois que ainda restavam partiram para cima dele com seus martelos feitos de pedra amarrada a gravetos firmes, ele desviou-se do primeiro golpe e bloqueou o segundo com o cabo de sua lança, segurando a nas duas extremidades para suportar o peso do martelo, ele então colocou toda a sua força para empurrar de volta o martelo do goblin, deixando-o com a guarda aberta, o outro já estava pronto para um segundo ataque, mas em um movimento preciso, o soldado girou a sua lança acertando a lâmina da ponta no rosto de um e no peito do outro. O que levou o golpe no rosto largou o martelo e colocou suas mãos sobre o corte, gritando, enquanto o outro apenas se afastou com o golpe, ele aproveitou a chance e atravessou a arma no peito do goblin que estava a sua frente, finalizando-o, e para o último cortou sua garganta com um movimento diagonal de cima para baixo. O soldado havia eliminado a ameaça, e sol já começava a surgir por trás da montanha.

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