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Camila

Depois do jantar, fui para casa. Tomei banho e sentei-me na beirada da cama, penteando o cabelo ainda molhado. Queria muito me deitar e dormir, mas tinha o costume de esperar Isaque chegar.

Foi quando o telefone tocou.

Deixei o pente de lado e me levantei para atender.

— Camila? — Era Gil, minha sogra. Parecia nervosa. — Isaque está aí?

— Não, ele foi ao futebol com os amigos. — Estranhei o tom. — O que houve?

— Ah, minha filha, o Anselmo passou mal hoje. Estamos no hospital.

— O quê? — Assustei-me, pois meu sogro tinha problemas de coração.

— Calma, ele está bem. Graças a Deus apenas abusou da comida. O resultado dos exames foi normal; os médicos disseram que terá alta amanhã. Mas estou aqui sozinha. Tentei falar com Isaque durante toda a tarde e liguei aí também.

— Eu estava na casa dos meus pais. Poderia ter ligado para o meu celular, e eu iria aí para ficar com a senhora. Ele está bem mesmo?

— Sim. Só estou nervosa. Sabe que odeio hospitais! Queria muito que meu filho estivesse aqui.

— Ele está no futebol, mas vou tentar entrar em contato com ele, e aí vamos encontrar a senhora. Em que hospital está?

Depois que soube os detalhes, desliguei. Peguei o celular e liguei para o número de Isaque, mas só dava caixa postal. Tentei muito, até entender que ele só checaria o aparelho no caminho de volta para casa, já tarde da noite.

Corri para trocar de roupa, sabendo que teria que ir atrás dele. Coloquei uma saia, uma blusa e umas sandálias. Não daria tempo de esperar o cabelo secar e trançá-lo. Enrolei-o em um coque grosso e agarrei minha bolsa, saindo de casa, agitada.

Pelo horário, o jogo já tinha terminado, e os participantes estariam num bar ali perto, que Isaque me disse várias vezes que era o local que escolhiam para confraternizar.

Desci do ônibus em um ponto quase em frente ao bar, no Flamengo, e o nervosismo voltou. Parei na calçada e respirei fundo. Um vento frio arrepiou minha pele. Eu me dei conta de que o estresse não tinha a ver com a internação do pai de Isaque. Naquele momento, percebi que eu veria Shawn pela primeira vez.

Eu me forcei a seguir em direção ao bar. Não era o momento para pensar naquilo. Eu devia me preocupar somente em encontrar logo meu marido e levá-lo ao hospital. Empurrei a porta e entrei.


Shawn

O bar estava bem cheio naquela noite.

Uma música alta tocava, homens e mulheres de todas as idades se espalhavam pelo salão nos bancos e nas mesas lotadas. O falatório e as risadas eram gerais. Garçons e garçonetes passavam de um lado para outro, mal dando conta de tantos pedidos.

Felizmente, conseguimos uma mesa grande, onde se apertaram meus colegas do futebol e alguns conhecidos que tinham aparecido para assistir aos jogos.

Entre os conhecidos, havia mulheres, e com certeza eu estava me divertindo com elas, entre conversas leves e sedutoras. Elas jogavam o cabelo para os lados, lançavam olhares charmosos, deixavam claro que não seria difícil levá-las para a cama.

Mas, naquele dia, eu estava impaciente. E nem sabia por quê. A sensação tinha começado logo de manhã, quando acordei e fui passear com meus cachorros antes de ir trabalhar. Nem o dia lindo nem a bela paisagem da Praia Vermelha e do Pão de Açúcar haviam sido suficientes para me deixar relaxado. Nem o futebol conseguira fazer isso por mim naquele dia.

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