Entre Dois Mundos

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Às vezes, tudo o que quero, é entrar no carro e acelerar

Sair pela estrada deserta

Cair pelo mundo, sem nome

Olhar as luzes de uma maneira diferente

Ligar o som no volume mais alto

E viver

Talvez eu faça isso

Amanhã

Pela manhã

Ou no dia após

Não tenho raízes nessa terra

O que deixo?

Nada

E ao mesmo tempo tudo

Pois se eu partir pela manhã

Parte de mim ficará pra trás

A parte que amou

Que chorou

Que sorriu

Que morreu

Preciso nascer de novo

Bem longe daqui

Talvez sob a sombra de uma palmeira

Em alguma praia deserta

Além da linha do horizonte

E a esqueço

Aquela que me ignora

Em quem penso a toda hora

E envelheço

Talvez eu volte daqui a alguns anos

Com outros planos

Com outro alguém

Que me queira bem

Que não me ignore

Que me namore

E não me faça sofrer

Mas se a deixo

Deixo a mim próprio

O poeta, o sonhador

E transformo-me em nada

Na beira da estrada

Perdido em estupor

Ah, doces sonhos perdidos

Quisera eu voltar ao passado

Fazer certo o que foi errado

Consertar o que está quebrado

Recomeçar ao seu lado

Talvez em outros tempos me aceitaria

Ou em outros mundos

Outras dimensões

Onde vivemos felizes

Como príncipe e princesa

Barão e baronesa

Tigre e tigresa

Na dúvida ou na certeza

No vacilo ou na destreza

Na feiura ou na beleza

Na gordura ou na magreza

Diante de toda riqueza

Diante de toda pobreza

Diante de toda mentira

Em que se baseia nossas vidas

Oh, inúteis versos que queria fazer valer

Torná-los em flores que enfeitasse buquês

De rosas, de margaridas, de violetas

De camélias, de copos-de-leite

De copos de café

Que cheira de manhã

Nós dois a pé

Ao lado da cama

Ou da cabana

Nos campos elísios

De nosso amor

Quantos mundos somos capazes de criar

Sem lágrima verter?

Quantas vezes somos capazes de chorar

Sem cair e morrer?

Fechemos os olhos

E sonhemos

Para sermos felizes

Em outros mundos

Que não esse

PoemsOnde histórias criam vida. Descubra agora