Partiu o rei na alvorada
Depois de tantas más notícias
Se eram reais ou fictícias
Descobriria na jornada
Seguiu ao sul, com mil soldados
Cruzou vales, alta campina
Feito ave de rapina
Com os flancos bem armados
No caminho viu belezas
Até então desconhecidas
Mas nem mesmo as mais queridas
Afetou-lhe a frieza
Sendo rei era sereno
Seu olhar nunca vagava
Que impedisse a aljava
De alcançar alvo pequeno
Se seu pai, grande monarca
Como o filho fosse assim
Não teria o mesmo fim
Cedo indo para a barca
Seu cavalo à marcha lenta
A chegada alertou
Quando ao longe se mostrou
A razão de sua tormenta
Alta e negra no horizonte
Se prostrava a montanha
Que escondia na entranha
O terrível brutamonte
Sob o Sol nunca errava
Noite escura era seu lar
E não ousava se mostrar
Pois de barro se formava
Grande crânio, vistas justas
Corpo alto, musculoso
De semblante asqueroso
Mortal era o troll Sustas
Pela encosta já galgavam
Abandonando montaria
Já que ali não subiria
Pois cansados se mostravam
Mil guerreiros escalando
Negra montanha ao pôr do Sol
Iluminados por farol
Com os deuses sempre olhando
Muitas tumbas encontraram
Pois ali era a morada
Dessa raça desgraçada
A qual sempre abominaram
Mas na mais alta caverna
Habitava o seu alvo
Que acreditando estar a salvo
Dorme em meio à baderna
Arma a espada, rei sereno
Preparando o grande fim
Infeliz espadachim
Acertou apenas feno
Quando vira seu olhar
Se depara com o ser
Que por sorte sem querer
Havia ido urinar
Erro simples cometido
Muitos males causaria
Uma dúzia cairia
Ao som de cruel grunhido
Encontrará outra centena
Na caverna a sua tumba
Antes que o troll sucumba
Pra cumprir a sua pena
Com o inimigo já vencido
Pela encosta descerão
E já tão breve partirão
Com destino definido
Já chegara mensageiro
Lhes trazendo novo alerta
Sobre ameaça incerta
Em território forasteiro
Já se vai o rei seguro
Já nem tão sereno assim
Não sabendo o triste fim
Que reserva o futuro