meu bem
já é tarde e não consigo dormir. uma falta de ar me agride os pulmões. acordei engasgando com alguma coisa que me tirou o sono.
na verdade, hoje mesmo quase não dormi nada. fiquei pensando em tudo que aconteceu e cheguei à conclusão de que perdi o que poderia ter sido uma ótima noite de sono.
eu queria que houvesse um jeito mais fácil, e talvez até tenha. vai ver só não tivemos tempo suficiente para descobrir.
talvez em algum momento eu consiga esquecer o som da tua risada, o cheiro do beijo, a intensidade do teu toque, as conversas sobre tudo e o mapa do teu corpo.
acho prudente avisar que aquela banda ainda me faz lembrar de ti. aquela música não pode tocar que já tô lembrando de novo. droga.
fracassei miseravelmente.
meu bem
brincaste com meus sentimentos por esse tempo e depois foste embora. o nosso fim me atravessou brutalmente o meio do peito.
ainda te amo, mas te amo com um cuidado peculiar. entenda: te quero bem, mas não te quero perto. e não me leve a mal, por favor. só acho que ainda é muito cedo, portanto, muito arriscado para mim.
mas assim que a ferida sarar, prometo que te faço aquela visita que você tanto cobra.
mas presta só atenção: cê tá ouvindo isso?
é o som da cidade acordando. mais um dia que chegou e não esperou por ninguém. daqui a pouco ele sai batendo nas portas e janelas de meio mundo, cobrando a labuta diária.
meu bem
já me sinto bem melhor.
era você entalada na minha garganta.
