16/05/2020

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Mais uma vez eu vi o dia nascer. A madrugada tem passado muito mais rápido ultimamente. Deito às 23h e quando percebo já são 5 da manhã e eu só estava assistindo a um vídeozinho.
Hoje eu chorei de novo. Terminei de conversar com a última pessoa acordada no WhatsApp e coloquei meu celular sobre a mesinha. Bastou 2 minutos a sós comigo mesma para a inconsolável torrente de lágrimas me acometer e dessa vez não tive forças para controlar nenhuma delas - eu não quero morrer eu não quero morrer eu não quero morrer eu não quero morrer.
Depois, sento na beirada da cama e controlo minha respiração. Vou até o banheiro para lavar o rosto e ao chegar na cozinha percebo os primeiros raios de sol do dia pela janela. Hoje é sábado. O cheiro fresco da manhã me lembrou das vezes que a gente acordava de madrugada para apanhar o ônibus da Edvânia, que nos levaria à praia. Até consegui sorrir por um segundo, mas depois as lágrimas voltaram a tomar lugar.
Chorei porque na minha tosse seca senti ir embora toda a esperança que eu tinha conseguido armazenar no meu peito durante esses meses. Eu quero muito acreditar que as coisas vão melhorar, mas é só eu parar de me distrair que já choro de novo.
É muito óbvio que ninguém sabe lidar com isso, a gente só está fingindo que sabe. Seja com yoga, meditação, assistindo a séries e filmes, fazendo selfie sorrindo, malhando, criando memes, vendo tik tok, aumentando a produtividade em 103% ou simplesmente surtando bastante: todos nós só temos a certeza da incerteza.

E eu não quero morrer.
Eu não quero morrer.
Eu não quero morrer.
Eu não quero morrer.

(im)pessoalidades.Onde histórias criam vida. Descubra agora