14 de janeiro

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Eu não faço a menor ideia de como enfrentar esse inverno que chegou depois que você se foi.

Queria um cigarro.

Contigo era mais real. Não era só compartilhar do mesmo gosto musical, até porque tu só ouvia a mesma banda sempre, e eu vivo numa salada musical infinita.

A gente discordava em um monte de coisa, e ainda assim, contigo parecia mais casa, tinha mais chão. Era como se, até desencaixando, a gente se encaixasse.

Estamos em janeiro, mas parece que já foi uma década de dezembro pra cá. E eu continuo aqui, tentando a todo custo me desfazer das coisas que não existiram.

Queria um conhaque.

Ainda pensei em me reaproximar, mas não sabia como. Não sabia se estava na hora certa de fazer isso, nem sei se existe alguma.

Tentei te escrever (o rascunho do e-mail ainda está salvo) mas não sei se usei as palavras certas.

Sempre tem um momento do dia em que penso em ti. E isso desde que a gente se conheceu (às vezes não é só em um momento do dia).

Claro que a frequência diminuiu bastante, precisei readaptar meus pensamentos e prioridades, desde que você deixou claro que eu não tinha como ser uma das suas.

Já é madrugada.

Ponho música nos fones e danço uma valsa vagabunda e solitária no quarto, aquelas de dar vergonha alheia, só pra eu e Deus ver.

(im)pessoalidades.Onde histórias criam vida. Descubra agora