Capítulo 5

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A data grita comigo no hospital: QUARTA-FEIRA,10 DE DEZEMBRO.

Como chegou o dia 10 de dezembro?

Enquanto reflito, a enfermeira entra afobada e informa que está na hora do café da manha. Ela ajusta a bandeja sobre a mesa. Ao contrário dos dias anteriores não há cardápio de almoço.

Não há cardápio de almoço porque hoje vou para casa.

Na parede oposta, o fio elétrico pendurado de um televisão de tela plana desligada. Encaro a tela apagada por horas a fio, imaginado os rostos raivosos dos repórteres e suas manchetes sensacionalistas.As mesmas fotos recicladas sobre montanas desoladas usadas muitas outras vezes, mesmo sem poder assistir qualquer coisa sobre o acidente, ainda posso escutar as noticias, queria não poder ouvir e que tudo desaparecesse.

Uma senhora ruiva veio me entrevistar há poucos dias. Escovaram meu cabelo e me maquiaram. Alguém me entregou um suéter vermelho para colocar em cima da camisola de hospital; outra pessoa me ajudou a abotoar. Parecer menos morta diante de uma pessoa era a intensão. Os ciclo da rotina dentro daquele quarto era bandejas de café da manhã. almoço, e cochilos. Eu estava vivendo em uma neblina, quente, oca e maravilhosa. 

Então a senhora ruiva começou a me fazer perguntas, que eu não estava querendo responder.

Como foi a experiência de estar em um avião caindo?

Como você conseguiu alcançar a margem?

E é claro: O que aconteceu lá?

No final, acabei jogando o controle remoto pela janela aberta e o cinegrafista gravou. Duas enfermeiras os acompanharam para saírem do quarto. A neblina em minha mente havia desaparecido. Depois disso, vi rostos pálidos e congelados flutuando na água. Vi cintos sem fivelas, chamas sem nenhuma origem aparente, janelas quebradas e uma lago sem fundo. Vi três crianças mortas em meus braços. E vi Sasuke salvar alguém.

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