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 — Como que liga essa geringonça? — Yongsun perguntou a qualquer um que se disponibilizasse a responder. Os olhos arregalados, a testa franzida e os lábios apertados em um biquinho deixavam óbvio o pânico naquela pessoa.

— Sai daí — Hyejin veio do fundo da vã, aproximando-se do banco de motorista. Exatamente o lugar que a mais velha ocupava naquele instante, apenas algumas horas depois de repetir algumas dezenas de vezes que não faria parte de nada naquela viagem. Surpreendente para ninguém, claro.

— Consegui! — A Kim exclamou, arregalando ainda mais os olhos e ignorando totalmente a ordem que lhe fora dada. Aliás, o que ela conseguiu foi colocar a chave na ignição, nada mais, o carro permanecia desligadíssimo. — Porque não gira?

— Quanta burocracia — Wheein disse distraidamente do banco ao lado.

— Vamos, Yong! — Hyejin falou, um pouco mais alto e um pouco mais dramática, dando empurrões nada delicados no ombro da amiga. — Levante.

A Kim teimaria mais, apenas para ter o controle da direção daquela monstruosidade sobre rodas. No entanto, com toda a dificuldade que estava sendo a simples tarefa de dar partida no automóvel, ela preferiu a decisão sensata de ceder e deixar Hyejin ocupar o lugar.

Realmente, sensato: Hyejin ligou a vã e deu partida em dois tempos.

— Ok, obrigada — a Kim falou, pensando que se sentaria de volta ao banco de motorista. Pobre coitada, enganada por uma ilusão.

— Vá lá sentar, Yong — a mais jovem encarou-a com um olhar sério e zombeteiro ao mesmo tempo, apontando com o polegar para a parte de trás daquela grande e espaçosa lata moderna.

— Eu vou dirigir.

— Não, você não vai. Eu vou dirigir.

— Não. Não! Você vai matar a gente, Hyejin — o pânico e pavor era quase tangível na voz de Yongsun.

— Estamos perdendo tempo — Wheein cantarolou, agitando-se no assento.

— Você dirige igual uma velhinha de 80 anos. Não vamos chegar nunca e vamos morrer nas mãos da máfia doente que tá me perseguindo — Hyejin disse firmemente bem no momento que Moonbyul saiu do banheiro. O momento certeiro, a Moon diria.

— Verdade — disse ela, com um riso que aumentou quando viu Yongsun lhe lançar aquela feição de indignada.

— Gente, o cronômetro tá girando desde que a Hyejin deu partida, pelo amor! — Wheein mostrou toda a impaciência que ela podia abrigar naquele corpinho. — Vai sentar, Yongsun!

Então, Moonbyul, com toda sua capacidade diplomática de ser, envolveu a Kim com os braços para puxá-la até o assento que tinha ali atrás, enquanto ouvia os resmungos incrédulos sobre como "essa doida vai matar todas nós, você já a viu dirigindo? Ela acha que isso é Velozes e Furiosos!" e tentava amenizar a situação com seu reconfortante "todas vamos morrer um dia, faz parte da vida". E, assim, Hyejin finalmente dava a arrancada.

A vã até que era confortável.

Tinha espaço de sobra, um estofado de couro novinho e bem macio, um banheiro limpinho e até uma pseudo-cozinha com freezer, micro-ondas e tudo. Contudo, quem ligava para o conforto se estivessem indo em direção à morte?

Se não fosse pelo jeito displicente que Hyejin conduzia a máquina móvel, seria pelos bandidos com quem a mulher se meteu ou pelo dono da locadora de automóveis com quem elas arrumaram mais aquela possibilidade de dívida. Na verdade, parecia que Hyejin as estava conduzindo à morte iminente de certa forma. No entanto, nenhuma daquelas amigas levantaria um dedo para tal acusação.

Se der ruim, não dirijaOnde histórias criam vida. Descubra agora