— É, amigas, só tem um jeito. Vamos ter que matar um homem.
Eram exatamente dez da manhã quando Jung Wheein proferiu a frase com uma seriedade incontestável. As amigas a encararam de imediato e procuraram, mas nada naquele rosto parecia denunciar qualquer resquício de brincadeira naquela ideia dada aleatoriamente. Então, restou o medo. Porque, apesar de ser Jung Wheein, uma pessoa amigável, agradável e de aparência (quase sempre condizente com a realidade) inofensiva, ainda era Jung Wheein, a criatura mais louca e sem noção que alguém poderia conhecer.
— Amada? — Moonbyul questionou, estampando um ponto de interrogação no rosto, claramente sem compreender a lógica daquele raciocínio.
— A gente mata um homem rico e rouba o dinheiro dele — Wheein esclareceu. Como se esclarecesse muita coisa quando, na verdade, só causava mais incompreensão. Contudo, vindo de quem vinha, não era uma surpresa.
— Mas por que precisamos matar? A gente pode só roubar — Moonbyul continuou. O tom de voz era absurdamente tranquilo para quem estava, ao que tudo indicava, realmente cogitando a ideia de verdade.
— A pergunta certa aqui é por que não matar? — A Jung rebateu, gesticulando com as mãos com total convicção.
— Morte aos machos — diretamente do outro lado da sala, encolhida no sofá maior da sala, Ahn Hyejin concordou. Mais uma absurdamente calma demais para a situação. Séria demais. Aquilo era potencialmente preocupante.
Wheein fez um gesto de quem diz exatamente.
Moonbyul ponderou e ergueu as sobrancelhas em aparente aprovação.
Então, Kim Yongsun chegou ao cúmulo da perplexidade, descrente de que, aparentemente, ela era a única sensata ali.
— Ah, pronto... — ela começou, em resmungo. Uma tentativa de trazer um pouco de sanidade àquela conversa que foi cruelmente atropelada pelo disparo da voz de Wheein.
— É isto. A gente precisa de um bom alvo primeiro. Ah! Tem o meu antigo chefe, claro.
— Ele é podre — Hyejin aprovou, com o rosto retorcido em uma careta de nojo.
— Vocês podem parar de falar disso como se fosse sério? — Yongsun retomou a fala, levantando do sofá para deixar claro que fazia questão de ser ouvida. — Eu já disse que as paredes do meu apartamento são finas. Uma vez...
— Você transou no seu box e no dia seguinte a velha do 503 te deu um livro sobre os problemas da fornicação — Moonbyul interrompeu, para maior irritação da Kim. O tom de tédio naquela frase denunciava o quão saturada daquela história ela estava. — Tá. Já ouvimos essa história. Next.
— Eu não transei no meu box! — Yongsun disse e as palavras crepitaram indignação.
— Oh, desculpe. Você se tocou no seu box — Moonbyul não perdoou, respondendo com rapidez e deixando transparecer sorrisinho fino e irritante de provocação.
Atazanar Yongsun era provavelmente sua diversão pessoal.
Hyejin riu contidamente enquanto Wheein soltou uma gargalhada escandalosa do outro lado. No meio da sala, na mesma postura de revolta, Yongsun começou a ser colorida pelo tom rubro da raiva.
— Eu caí e me cortei no banheiro! — a mulher corrigiu numa explosão irada que apenas trouxe mais risadas à tona. — Agora, dá pra falar mais baixo, por favor? Porque não só a senhora do 503, quanto o senhor Antony do 507 podem te ouvir — pediu, o que soou um tanto quanto incoerente já que ela mesma estava aos gritos.
— Eles podem ser nossos álibis! — Wheein soltou em um sussurro exaltado.
Hyejin e Moonbyul voltaram os olhares para ela. De novo, pensativas.
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Se der ruim, não dirija
Fiksi PenggemarQuando Hyejin se envolve em verdadeiros apuros, com uma dívida que a deixa literalmente encurralada entre a vida e a morte, suas amigas se reúnem em busca de uma solução e acabam todas embarcando em uma viagem de vã aparentemente inofensiva. No enta...