Se der ruim, não dirija

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Gato.

Sim, um gato.

Quatro patas, duas orelhinhas triangulares, um bigode, um longo rabo, pelo branquinho e castanho. Um felino, um bichano, um verdadeiro gato.

Ele veio sorrateiramente do canto aos fundos da vã para declarar essa frase e deixar cada uma das quatro garotas mais do que apavoradas. Yongsun se encolheu no sofá, Moonbyul pulou para trás, Hyejin estacionou abruptamente e Wheein quase caiu. Todas muito assustadas e abismadas como se, bem, como se vissem um gato falante.

Então, Yongsun rompeu o silêncio com uma gargalhada genuína e escandalosa.

— É um sonho. É isto! Porque não tem outra explicação.

— Eu já tentei me beliscar umas seis vezes e ainda tô aqui agora eu tô ficando assustada — Wheein disparou sem dar tempo a si mesma para sequer dar ar aos pulmões, quanto mais pontuar a sentença.

— Na verdade, não é um sonho — o gato falou, manso e bem natural como se aquilo não fosse o auge da loucura.

— Eu só quero saber que droga foi essa que deram pra gente — Hyejin falou.

— É um sonho sim — Yongsun insistiu, bem convencida.

— Não é, não — o gato rebateu.

— É, sim!

— Não, não é...

— Claro que é, gatos não falam! — A Kim declarou exaltada, batendo pé firme, nervosíssima.

— Na verdade, meu nome é Kkomo e eu sou uma inteligência artificial criada pelo projeto 925VY de Movimento Extra-Dimensional da Empresa Rbw.

— É sim, e eu sou a Solar do Mamamoo — Yongsun disse, em tom de sarcasmo puro.

— Então... — Moonbyul finalmente se manifestou e só o timbre da voz naquela palavra foi capaz de revelar que algo pior estava por vir. — Assim, talvez isso não seja tão maluquice assim...

— O que você fez? — Wheein perguntou, em um estilo alternativo mais suave de dizer seu famoso "desembucha logo, garota".

— Bem, eu vi outro dia na internet que tinha essa empresa de alta tecnologia tentando desenvolver uma espécie máquina do tempo-espaço e que, talvez, eles tivessem conseguido... Eles estavam fazendo testes com voluntários remunerados e, bem, talvez eu tenha inscrito a gente na lista de voluntários.

— Oi? — Wheein soltou enquanto tentava mentalmente transformar todas as informações em algo que fizesse sentido.

— Quê? — Hyejin disse. Estava em mesma situação.

— Você O QUÊ?! — Yongsun surtou (para a surpresa de ninguém).

— Eu sei, eu sei! Parece loucura...

Moonbyul tentou amenizar.

— É LOUCURA.

Mas não havia quem pudesse escapar da revolta de Kim Yongsun.

— POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? — A mais velha já estava de pé, com o rosto vermelho e as veias saltadas.

— Eles pagam bem, a gente estava precisando de uma grana preta, eu estava desesperada, ok?! Como eu ia saber que essa porra realmente podia transportar a gente no tempo?

— Puta merda — Hyejin soltou, perplexa.

— Bem, pelo menos, dessa vez não fui eu — Wheein soltou (do mesmo jeito que fez quando Hyejin contou que estava sendo caçada pela máfia, interessante lembrar).