Entre cacos e sangue

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Colaboração com: Joab Brandão (Instagram: jbrandao_escritor)

De pernas abertas

Os bueiros daqui sempre uivam

Descarregando água vermelha

Do sangue de alguns corações enfermos.


A fumaça fria no pulmão

É uma leve satisfação a repulsar

No corpo o calor que pulsa

Queimando seu coração e suas entranhas

Fazendo essa faca dentro de ti girar.


Se queimou, então vomite poesia

E veja seu tempo escorrer pelo ralo.


Corra!

Não há mais nada para sentir

Nada que faça valer a pena

Você continua fugindo do mundo

E se encontrando em poemas.


Corra!

Das vielas escuras ou desse bar

Fuja dessa cidade e fique perto de ti

Onde ninguém irá te encontrar.


Fique sozinho

Desiludido na ilusão

De que o mundo seria um lugar melhor

As lágrimas que secam em seu rosto

Lavam o pouco do amor que restou.


Por fim, se encare no espelho

E veja no que você se tornou

Agora acenda esse cigarro

Pois ele será a tua luz que se apagou.

Aqueles que vêm com a Morte.Onde histórias criam vida. Descubra agora