Parte 6

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Um Menino que se foi.

A muito tempo atrás, há quase quarenta anos, nascia um menininho, fruto de descobertas juvenis sem maiores vínculos além dos hormonais.

Por esse motivo, a chegada dessa criança foi muito conturbada, repleta de conflitos e rancores.

A mãe era muito jovem, de mentalidade ainda infantil, e não soube administrar bem a sua gestação, ainda mais que ela sofria muita pressão da família e discriminação de todos.

O pai também era muito jovem, tanto que acabava de entrar para o serviço obrigatório militar.

Apesar das incertezas, inseguranças, receios, ele sentia uma ponta de felicidade por aquela vidinha que ele estava trazendo ao mundo, embora também não tivesse muita noção da dimensão da responsabilidade que o aguardava.

Em meio a tantos tormentos, o menino nasceu antes do tempo, no dia de Nosso Senhor do Bonfim.

Ele era tão pequenino que podia ser carregado em apenas por uma das mãos de seu jovem pai que, apesar dos pesares, estava radiante com aquele pequeno milagre.

A mãe, que era apenas um pouco mais que uma menina, entrou em depressão profunda e rejeitou o bebê.

O pai, apesar de ser apenas um rapazinho, era piedoso, e não condenou a ex-namorada.

Sozinho, com a ajuda de sua mãe, assumiu os cuidados do rebento, depois que o pequeno herói sobreviveu a primeira de suas muitas batalhas que teria em sua curta existência.

Muito pequeno e com a saúde sempre frágil, o menininho cresceu sem conhecer a mãe, mas tendo toda a devoção do pai que ainda estava aprendendo a ser adulto.

Independente de sua frágil constituição, o menininho era muito espirituoso e, já cedo, mostrou possuir uma inteligência invulgar.

As coisas que o pequenino dizia, fazia todos se admirarem, pois, apesar da simplicidade infantil de falar, ele falava pérolas de sabedoria em momentos tão oportunos, que muitas vezes pensaram que algo falava através dele.

Perto de completar sete aninhos, a saúde do pequeno se deteriorou de forma irreparável, deixando seu pai inconsolável.

Foram dias e noites inteiras vivendo sob o teto de um hospital.

O jovem até abandonou o emprego para poder estar sempre com seu filhinho, mesmo que a situação financeira em sua casa fosse bastante ruim.

Uma voz sussurrava em seu coração que o seu menininho partiria, apesar dos cuidados dispensados a ele.

Em 8 de dezembro daquele ano, no dia de Oxum, o menininho retornou ao Pai do Céu, mas não antes de deixar uma promessa ao seu pai da Terra.

O pequeno, ainda mais mirrado pela doença, em sua vozinha fraca de criança doente, consolou seu pai antes de partir, deixando para ele uma esperança.

- Não posso mais ficar, papai, este corpo não me suporta mais. Eu vou, mas prometo voltar para ficar junto do senhor! E só vou me juntar ao senhor quando eu for um homem grande e forte, porque não quero que o senhor sofra de novo se algo der errado mais uma vez. Voltarei para o senhor quando for Páscoa, assim poderemos comer muitos chocolates juntos!

O menininho se foi como o anjinho que era.

O sofrimento de seu pai só não foi maior por causa dessas palavras.

Em meio a sua enorme dor, havia a esperança, e ele acreditava de todo coração e de toda sua alma que o seu filhinho retornaria para ele, um dia.

Os anos se passaram.

O rapaz continuou a sua caminhada, descobriu sua missão junto à Espiritualidade, conheceu uma boa moça e constituiu uma nova família.

Ele apenas não viveu feliz para sempre porque ainda falta muito para seu tempo se encerrar por aqui.

Ele apenas não viveu feliz para sempre porque ainda falta muito para seu tempo se encerrar por aqui

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