Capítulo 2

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Depois de piscar várias vezes para confirmar que não estava sonhando fiquei sem saber o que fazer. A garota estava com um semblante tão assustado e confuso quanto o meu. Depois de um tempo de total silêncio resolvi tomar a iniciativa e falar alguma coisa.

_Qu-quem é você?- Gaguejei.

_Eu só posso estar em um pesadelo, porque isso não é possível. - Começou a balançar a cabeça exasperadamente como se estivesse esperando acordar.

_Okay, acho que realmente não estou bem. Preciso sair daqui. - virei-me e sai em disparada para fora do banheiro. O que acabou de acontecer? Quem é aquela garota? Por que ela é tão parecida comigo? Tantas perguntas rondavam minha mente e todas sem respostas. Quando voltei para a mesa Nick me olhou com preocupação.

_Clari, tá tudo bem? Aconteceu algo? Você está pálida, parece que viu um fantasma.

_Acho que um fantasma seria menos chocante.

_Hein? Não escutei muito bem.

_Nada, pensei alto demais. Estou ótima. Podemos ir para casa?

_Ham... Tá bom. Vou só pa...

_Vou te esperar lá fora. - O cortei antes de terminar a frase e sai de lá a passos largos.

Chegando lá fora o vento frio da madrugada me recebeu em cheio. Comecei a andar em círculos repassando tudo que acabou de acontecer. Ela realmente existe? Pareceu real para mim. Será que somos sósias? Seria muita coincidência encontrar uma sósia em um restaurante qualquer sendo que existem milhares em Londres. Mas é a única explicação que se passa na minha cabeça. Paro de andar quando vejo o Nicholas se aproximar e abrir a porta do carro. O sigo e entro no veículo.

_O que aconteceu com você, em? Ficou totalmente estranha depois que voltou daquele banheiro. - Olhou para mim esperando uma resposta.

_Nada aconteceu, que saco! Só estou cansada. - Perdi a paciência. Nick me conhece muito bem, é difícil mentir para ele.

_Vou respeitar sua decisão de não querer me contar, mas se mudar de ideia sabe onde me encontrar. - Disse e em seguida ligou o carro e começou a sair do estacionamento. Se eu contar isso para ele vai achar que sou louca, eu mesma estou achando isso.

Quando chegamos em casa fui direto para o meu quarto, peguei meu celular para conferir o horário e já são 4 da manhã, em pouco tempo o dia vai amanhecer, definitivamente preciso dormir. Deitei-me na cama e respondi umas mensagens do Theo, vou vencer meu orgulho e ir vê-lo amanhã, tenho que admitir que estou sentindo sua falta. Coloquei meu celular no criado mudo e virei-me na cama para o lado da janela e fiquei olhando o céu já quase sem estrelas. Depois de um tempo peguei no sono.

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Acordei com uma luz muito forte batendo no meu rosto. Abri os olhos e dei-me conta que esqueci de fechar a cortina antes de dormir. Tateei no criado mudo em busca do meu celular, quando o encontrei olhei o horário.

_Droga, já são 12:30 e não marquei um horário com o Theo para encontra-lo. - Mandei rapidamente uma mensagem para ele perguntando se poderia o encontrar na pracinha aqui perto de casa.

Theodore:

Finalmente lembrou-se da minha existência. 14h chego lá.

Depois de vê a mensagem desliguei o celular e fui correndo para o banheiro tomar banho. Apesar do frio resolvi lavar o cabelo porque estava horrível. Saindo do banheiro peguei o pente na penteadeira e comecei a desembaraça-lo. Não gosto muito da sua cor, acho seu tom avermelhado muito chamativo, a única coisa que realmente gosto nele é os cachos, amo meus cachos. Terminei de penteá-los e fui à busca de uma roupa. Olhei para janela e vi que estava nevando, o que só piorava as coisas. Resolvi pôr uma legging preta com uma blusa branca e um sobretudo bem quentinho. Como estava nevando coloquei meu par de galochas. Peguei meu celular na cama e fui lá para baixo almoçar.

_Oi filha, bom dia. - Minha mãe falou assim que me viu adentrando a porta da cozinha.

_Bom dia dona Helena. - A abracei e depois me sentei à mesa e comecei a colocar minha comida.

_Está me chamando de velha? - Disse cruzando os braços.

_Eu jamais faria isso senhorita. - Comecei a rir em seguida e ela me acompanhou. _ Cadê o Nicholas e o papai?

_Seu pai mandou avisar que não viria almoçar hoje e o Nicholas saiu cedo e ainda não chegou. - Sentou-se a mesa e começou a colocar um pouco de comida no prato._ Vai sair? - Perguntou olhando para minha roupa.

_Vou encontrar o Theo na pracinha.

_Resolveu passar por cima do orgulho?

_Eu não sou orgulhosa- Falei levando uma garfada de comida a boca.

_Filha, aceite os fatos, você é muito orgulhosa.

_Talvez um pouquinho. - Terminei de comer e fui levar meu prato a pia para lavar. Minha mãe deu uma risada um tanto sarcástica e começou a comer.

_Vou escovar os dentes. - Subi correndo a escada, provavelmente já estava atrasada. Depois de escova-los conferi minha situação no espelho e mandei uma mensagem para Theo dizendo que já estava saindo de casa.

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O Theo já estava sentado em um banquinho da praça quando cheguei. Assim que me viu abriu um largo sorriso, levantou e veio na minha direção.

_Oi baixinha, quanto tempo. - Me deu um cascudo na cabeça que foi retribuído com um pisão de pé.

_Você está bagunçando meus cachos, idiota. - Passei a mão pelo cabelo tentando arruma-lo.

_Grossa como sempre, também senti a sua falta.

_Que drama, em? Nem faz tanto tempo que nos vemos. - Ele fez uma cara feia e cruzou os braços. Rindo, o abracei. _ Estava com saudade também.

_Eu já sabia. A única pessoa que realmente te aguenta sou eu.

_Ei! Só não tenho mais amigos porque já tenho o suficiente. - Ele me olhou ironicamente. _ É melhor você ficar quieto Theodore.

_Enfim senhorita "tenho muitos amigos", vamos tomar sorvete?

_Nesse frio? Você que pegar uma hipotermia?

_Depois fala que o dramático sou eu. Vamos lá, um sorvetinho de nada não mata ninguém.

_Prefiro um cappuccino.

_Você e seu vicio por café. - Revirou os olhos e me puxou para mini lanchonete que tem em frente a pracinha.

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Acabamos de fazer nossos pedidos e estou incrédula com o fato de que Theo começou a dar em cima da garçonete.

_Que foi? Ela é bonitinha e pelo visto gostou do papai aqui.

_Bonita e com mau gosto você quis dizer. - Ele colocou as mãos no peito dramaticamente e me olhou com choque.

_Tenho sentimentos, sabia Clarissa?- Soltei um beijinho no ar para ele que retribuiu com o dedo do meio. _ Mas e ai, alguma novidade?

Meus pensamentos foram diretamente para a madrugada bizarra que tive. Será que devo contar para ele? Não sei se estou pronta para dizer tudo que aconteceu em voz alta, nem sei se foi real, era muito tarde e eu estava com sono, pode ter sido coisa da minha cabeça.

_Clari? Está tudo bem?- Theo me chamou fazendo-me voltar à realidade.

_Oi, sim, claro. Não tenho novidades, e você?

_Tem uma festa hoje à noite de um conhecido meu, quer ir?

_Pode ser, não tenho nada para fazer mesmo.

_Combinado então. Busco-te as 21h00min. - Assenti concordando.

Terminamos nossas bebidas e depois ele me acompanhou até em casa. Despedi-me e entrei pensando nessa tal festa. Vai ser até bom, preciso beber urgentemente.

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