Acordo com minha cabeça quase explodindo de dor e com uma luz que não consigo suportar no rosto. Estranho, sempre fecho a cortina antes de dormir. Olho ao redor e então percebo que não estou no meu quarto. Desespero-me no mesmo segundo, meu Deus, estou sem roupas de baixo, o que aconteceu comigo? Pego minhas roupas que estão espalhadas no chão e as visto rapidamente. É ai que percebo um filete de sangue espalhado no lençol, então como flashbacks começo a recuperar as memórias até então esquecidas. Perco a força das pernas quando os relampejos começam a se alinhar na minha atual situação. O que Nathan fez comigo? Lágrimas caem dos meus olhos, me sinto suja e vazia. Preciso sair desse lugar, preciso tomar um banho, preciso esquecer a noite passada. Pego meus pertences e saio daquele lugar horrível. Encontro várias pessoas bêbadas jogadas no chão, parecem está até mortas, acho que estou como elas, apesar de está me forçando a andar.
Na rua, começo a andar sem rumo, poderia até ligar pro Nicholas me pegar, mas sinceramente não estou com pressa para chegar em casa, muito menos de explicar para todos porque não voltei ontem a noite.
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Não sei quanto tempo levei de lá até chegar à minha casa, talvez 30min, talvez 2h, não me importo. Respiro fundo e giro a chave na maçaneta, em um primeiro momento chego achar que não tem ninguém, mas então minha mãe desse as escadas correndo com uma cara nada boa.
_ Clarissa Bennett, acho melhor você ter uma ótima explicação por não ter passado a noite em casa! – Ela fala me percorrendo o olho por todo o meu corpo.
Reúno todas as migalhas de força que ainda existem em mim e respondo._ O Theo bebeu um pouco, não quis faze-lo dirigir até aqui, então dormi na casa dele. Meu celular ficou sem bateria, não pude ligar para avisar. – Ela me olha com desconfiança, mas depois de um tempo relaxa, acreditando na minha mentira.
_ Okay, só tente não fazer isso de novo, todos nós ficamos preocupados. – Me abraça e então sinto uma lágrima descendo dos meus olhos, a limpo imediatamente.
_ Vou subir para tomar um banho e descansar, não me esperem para o almoço, estou cansada. – Digo subindo as escadas sem esperar por uma resposta.
Quando chego ao meu quarto finalmente deixo as lágrimas descerem livremente pelo meu rosto, ainda não consigo acreditar no que aconteceu, não me lembro de uma boa parte da noite também, isso não faz sentido, eu estava bêbada, mas não ao ponto de desmaiar. Será que ele me drogou? Sinto ainda mais desespero em pensar nisso. Preciso tomar um banho, corro para o banheiro, me dispo e vou direto para o chuveiro. Lavo cada centímetro possível do meu corpo, cada pedaço de pele na esperança de me sentir menos suja, mas nada resolve, na verdade só piora, porque a cada segundo que passa a ficha vai caindo e o vazio que sinto aumentando.
Vou direto para cama, o melhor que posso fazer é dormir, me enrolo debaixo dos cobertores, talvez eles possam me engolir.
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Acordo e percebo que ainda é dia, pensei que tinha dormido mais. Pego o celular no criado mudo e olho o horário, são 10h00min, impossível. Então percebo que é do outro dia, meu Deus, nunca dormi tanto assim, porém, ainda me sinto exausta. Vou tomar banho, apesar de não ter feito exatamente nada para me sujar, necessito de um banho.
Depois de me higienizar completamente vou olhar as notificações do celular. Tem 30 mensagens do Theo, não olho nada, prefiro ligar para ele. A ligação é atendida no segundo toque.
_ Oi Theo. - Digo já me preparando para explosão.
_ OI THEO?! Sério isso??
_ Você quer que eu diga o que?
_ POR DEUS, CLARISSA! Poderia começar me contando aonde se meteu.
_ Me desculpa tá bom? Eu só bebi um pouco demais e dormi em um quarto lá.
_ CUSTAVA ME MANDAR UMA MENSAGEM?
_ Meu celular descarregou, não pude falar com ninguém.
_ E quando chegou? Por que não verificou as notificações?
_ Eu dormi.
_ Calma, você está me dizendo que só acordou agora??
_ Exatamente isso.
_ Você ainda vai me enlouquecer, garota.
_ Também te amo. Preciso ir agora, estou com fome. Tchau.
_ Okay, tchau.
Desligo o celular e respiro fundo, foi difícil esconder tudo do Theo, ele me conhece tanto... Mas não me sinto preparada para dizer o que aconteceu em voz alta, na verdade, não sei se um dia vou está.
Um mês depois...
Estou na pracinha perto de casa, gosto daqui, é o mais próximo da natureza que eu tenho, já que é rodeada de lindas árvores que liberam uma brisa estonteante. Estou passando uma boa parte dos dias aqui, me sinto sufocada em casa, todos não param de perguntar se estou bem e porque ando tão calada. Achei que com o tempo iria melhorar e simplesmente esquecer, mas estava enganada. Sinto-me violada, a minha virgindade foi levada de mim da pior forma possível. Ainda não me decidi sobre o que vou fazer, não contei a ninguém, e me sinto sufocada com isso, mas tenho medo do que pode acontecer se eu contar.
Para tentar esquecer tudo isso estou me concentrando ao máximo nos estudos para o vestibular. Meu sonho era conseguir entrar em Oxford e curso Literatura, mas além de não poder arca com os gastos, lá só entra os melhores, então vou ter que me contentar com a faculdade local. De qualquer maneira, estudar nunca foi um problema para mim, amo adquirir conhecimentos novos.
Depois de um tempo percebo que está anoitecendo, junto todas as minhas coisas e sigo rumo para casa. Chegando lá dou boa noite a todos e vou para meu quarto. Tem sido assim ultimamente, tento ao máximo não me comunicar com ninguém, só quero ficar sozinha.
Após tomar um banho que demora mais do que deveria desço para tomar café. Todos já estão lá, quando me veem, encerram seja lá o que estão conversando. Pego um prato e talheres e me sento a mesa. Todos estão me olhando como se eu fosse um alienígena.
_ Por que vocês não tiram os olhos de mim? – Bufo. Todos se entreolham e hesitam. Então minha mãe decide se pronunciar.
_ Filha... Você sabe que pode contar com nós para tudo, certo? – Me olha com o semblante preocupado.
_ Sim. Mas por que isso agora?
_ Estamos preocupados com você Clarissa, se estiver acontecendo algo pode contar com sua família.
_ Es-estou... bem.- Idiota, não era para você gaguejar. _ Não precisam se preocupar. – Consigo acrescentar.
_ Se você está dizendo, tudo bem. – Ela solta um sorriso terno. Minha mãe é linda, ruiva como eu e a May, mas com olhos azuis. Tenho os olhos do meu pai, verdes como uma esmeralda.
_ Amamos você, Clari. – Desta vez é meu pai quem fala.
_ Também amo vocês.
O resto do jantar correu bem, até consegui soltar um meio sorriso com as gracinhas do Nick. Quando todos terminam me ofereço para lavar os pratos e tirar a mesa. Meus pais se despedem e vão para o quarto assim como May. Já o Nick vai sair para encontrar uns amigos, pergunta se quero ir, mas nego imediatamente, ele me dá um beijo na bochecha e se vai. Quando termino tudo apago as luzes e me caminho para as escadas. A campainha toca de repente, deve ser o Nicholas, provavelmente esqueceu algo.
_ Você só não esquece a cab...- Paro de falar quando abro a porta e vejo quem está lá. Sinto que vou desmaiar.
_ Olá, Clarissa.
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The Twins
Roman d'amour_Poxa Nicholas, você é muito desastrado!- Digo sacudindo as mãos. _Foi mal maninha, sério.- Nego com a cabeça e vou no banheiro me limpar. Quando chego lá pego um pouco de papel toalha e começo a passar no moletom e quando olho para o espelho perc...