Capítulo 3

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-Não ouse comentar isso com qualquer pessoa!-uma voz masculina familiar fala próximo.

-Sim vossa majestade-desta vez uma mulher.

Meus olhos se recusam a abrir. Ainda estou cansada demais e não tenho forças para nada. Sinto como se meus músculos fossem gelatina e meus ossos fossem feitos de vidro. Sentia dor até em lugares que pensava serem impossíveis.

Quando consigo abrir os olhos, avisto Konan sentado, com o rosto nas mãos apoiadas nas pernas. A poltrona parece ser muito pequena para ele, que se levanta com uma expressão quase preocupada quando vêm até mim.

-Como se sente?

-Quero que você morra!-minha voz sai um pouco embargada.

-Não seja tão rude.

Se Konan não fosse tão cruel até mesmo poderia falar que havia culpa em seus olhos, mas ele era um monstro. Ele me ajuda a sentar.

Esse não é o meu quarto.

-Para onde você me trouxe?

-Não importa. Como se sente?

-Bem.-tento levantar para fugir daquele lugar desconhecido, mas minhas pernas me traem e eu caio nos braços de Konan.

-Parece que não bem o suficiente para levantar da cama.-ele me coloca novamente na cama e me dá um copo com água.

Uma batida na porta faz com que Konan levante num salto. Ele vai até a porta abre e fala com alguém num tom de voz calmo e controlado tão baixo que só consigo ouvir murmúrios. Ele volta com uma caixa longa de cor creme e a cloca ao pé da cama.

-Vista-se.

-O que é isso?

-Seu vestido.

Rastejo até o pé da cama e abro a caixa. Dentro um vestido branco de uma seda tão fina que parecia ser transparente tomava conta da caixa.

-Era da minha mãe.-ele fala sem emoção na voz por detrás do vestíbulo azul cobalto.

Konan não parecia ser do tipo sentimental, mas ele parecia se importar com alguma coisa afinal.

O vestido era solto e se ajustava ao corpo. O tecido era tão macio que parecia ser feito de nuvens, era mais branco que a mais pura neve do auge do inverno e ficava mais transparente conforme o caimento da saia, o cinto de contas se ajustou perfeitamente à minha cintura fina.

- O que são os desenhos nas contas?

-Era o que meu pai queria viver com minha mãe.

Aquilo parecia comovente, mas não tinha nada a ver com o Konan que me comprou em Dublin. Aquele era outro Konan. Um Konan que cuidava daquilo que ele gostava, não destruia como fez comigo. Um Konan que tinha compaixão, mas esse Konan, o meu Konan, sempre carregava uma expressão séria no rosto que outrora fora feliz.

Konan saiu de detrás do vestíbulo pondo sua casaca de um tom vinho escuro por cima de uma blusa preta de botões. Ele calçou as sandálias em mim, prendendo as fitas em meus tornozelos de maneira delicada.

-Pronto!-ele dá um tapinha leve em meu tornozelo e me pega pela cintura me pondo de pé. Konan me estende o braço, que pego desta vez, caminhamos lado a lado até a porta.

-Não dá azar o noivo ver a noiva antes do casamento?

-Desde quando você se importa com esse casório?

Dou-lhe um sorriso aberto em resposta, que sorri de volta radiante exaltando suas covinhas.

-Pronta?-ele pergunta com a mão na maçaneta da porta. Assinto e ele abre as portas que dão acesso à capela do palácio.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora